Química

 

Eis que parto!

Não sei se quebro,

Não sei se paro,

Mas parto mesmo assim.

 

Vou para uma terra longínqua,

Uma terra distante

Que nem sei mesmo se terra é.

Que nem sei se mundo existe.

Parto, sem saber o que será de mim.

 

Se haverá um eu,

Se haverá um chão.

Mas haverá um céu,

Haverá um norte

E certamente haverá multidão!

 

Não sintam saudade de mim!

Retorno ao reino atômico.

E quando átomos tornarem a ser,

Abraçarei a todos

Passagem

 

O que trago da vida até aqui

É um carro desgovernado numa autoestrada:

Não preciso de freio,

Não preciso de cinto de segurança,

Quero apenas me arriscar um pouco mais a cada dia.

 

Não tenho mais medo de errar

-Acertar não é mais fácil que isso!

Só peço que me perdoem, não que me entendam

Nem eu mesmo tento fazer isso

-É muito tempo para perder à toa.

 

Tanto faz se prestam atenção em mim,

Eu não sou um quadro, um filme talvez,

Não me pretendo inesquecível,

Para Celebrar a Vida

 

Para celebrar a vida

Não precisa de bolo, vela e parabéns

-Se bem que ainda tem muitos loucos

Que teimam em vir a esse mundo

Todos os dias;

Mas o que é a loucura senão

O sereno auge da ingenuidade?

 

Para celebrar a vida

Abra um sorriso

Como se descortinasse o sol,

Festeje os amigos,

Ame,

Se apaixone, até!

-Se puder, apenas ame!

Paixão também é loucura,

Um temporal que estraga tudo

E vai embora...

 

Mas o céu torna a azular-se

ESTA CHUVA

 

Esta chuva, que me molha o rosto
Esta água de ontem,

Que hoje retorna de tantas origens
De um rio longínquo,

Bebido pelo ar a caminho do mar
De um corpo suado por um sol ardente

De um trabalho mal pago
De um charco que a terra abrigou,

Que se evaporou e em chuva voltou
De lágrimas de dor,

De alegria, de raiva, de riso,

De olhos cansados.
De tantas origens me chega esta chuva,

QUERO SER

 

Quero ser o teu caminho

E amar-te

No sublime altar

Da minha alma

Percorrer as planícies

Do teu corpo

Adormecer em ti

Com doce calma.

 

Quero viajar

Nos teus caminhos

Que percorres só

Atormentada

Quero ser o rio

Onde tu lavas

As feridas que em ti sangram…

Minha amada.

 

Quero ser o mar

Onde navegues

Em águas calmas

E serenas

Quero ser o porto

Onde te abrigues

Quero ser a liberdade…

Para as tuas penas.

Ombros de verão

Fala para mim do par que descortinava segredos
Na avaria de raciocínio com fragatas do uso de fundir-se,
Fala das profanidades coleadas pelas poesias montesinas
Liadas em cimalhas de ripas pisadas na agudeza mítica
De todas as boas juras nossas.

Em vão trincaste-me a mim e em vão trinquei-te a ti,
Decerto houve o emergir dum
No submergir doutro,
Decerto não!
Quem em dor do decepar viu sua cabeça primeiro?
O dizer fogo marroquim afigura a culpa?

Absolvição...

Absolvo-me de mim mesma,
das minhas dores e loucuras,
minhas tristezas,meus carmas
e insandecidas paixões.

Absolvo-me e reencontro-me,
tantas sou em uma alma só,
fragmentada,retalhada,
compactada a partir da queda,
dos fracassos, renúncias
e revelações.

Absolvo-me e recomeço,
inteira, alegre,  guerreira,
casulo rompido,trapos abandonados
 esquecidos no pacote de lembranças
saudades e  sonhos desfeitos,
amores e projetos perdidos,
interrompidos, a vida é tão linda,

PROTUBERÂNCIA

Meu Deus, que grande barriga!

Eu vejo ali no espelho,

Eu tento cobrir com a camisa,

Mas, já chega quase ao joelho.

 

E eu que era um atleta,

Fininho, cheio de elegância,

Agora, estou com uma pança,

Que muito me desconserta.

 

Não sei se é culpa da cerveja,

Sedentarismo, comida ou pela idade,

Só sei que tenho muita saudade,

Da minha antiga silhueta.

 

E eu vejo vários barrigudos,

Passando, sorrindo, bem tranquilos,

Desfilando seus cento e tantos quilos,

LEI NADA LEGAL

A Lei de Murphy faz estabelecer,

Um vaticínio bem desgraçado:

"Se houver a menor chance de acontecer,

Com certeza, vai dar tudo errado".

 

E, comigo funciona mesmo assim,

Tudo é difícil, confuso, enrolado,

Um sufoco quase sem fim,

Que me deixa tenso e angustiado.

 

Nada me é fácil, tenho que sofrer,

E isto me traz uma ânsia danada,

Às vezes, me pego mesmo a dizer:

"Sou a Lei de Murphy personificada". 

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