OLHO VIVO
Autor: Mirandulina on Tuesday, 2 April 2013ACRÍLICO SOBRE TELA de Mirandulina
ACRÍLICO SOBRE TELA de Mirandulina
Era uma vez, uma viagem em balão, como a do livro de Júlio Verne, só que já lá vão muitos mais do que oitenta dias. Decorreram muitos anos desde que o ser humano iniciou a sua própria demolição.
Não. Num balão vê-se o mundo de cima e por isso, as coisas, não ameaçam querer cair a todo o instante em cima de nós. Não, não é esse o caso.
INUNDA DE LÁGRIMAS O MEU COLO.
DEIXA QUE A MINHA PELE,
TE AVELUDE ESTE LUTO,
COMO UM BÁLSAMO.
Texto de Mirandulina
1
Quando a ilusão vence o desassossego e o ânimo supera qualquer dor, num evadir da realidade inconexa, surgem fragmentos de resistência.
Atrevimento tempestuoso ao enfrentar do espelho que teima em sugerir a limpidez do mundo, esplêndida de cor.
2
Ladrilho de afectos
Emaranhados
Numa rua com sentido
Único.
Se entrechocam em vozes
Despegadas nas insignificâncias.
Dívidas humildes de vida
Em neutralização da paciência.
Espumado amor de navegação a bom porto.
Inquietude cristalina com sonhos aninhados nas ondas e transparências instaladas em nuas flutuações.
Vinculação sem dúvidas, entrecortada com as convulsões da incredulidade.
Consentir de vida, pré-natal, privado de raciocínio.
Indizível sentimento, ora bordado de ideal, ora convertido em fogo de artifício.
Suadouro da paixão e da desorientação onde emoções, sem calendário, que se entrechocam na fervência visceral.
Poltrona do consolo. Edifício privilegiado, no seio de periferias dispersas como mosaicos.
TODOS LHE DISSERAM QUE ERA UMA DECISÃO INSENSATA PORQUE NÃO HAVIA DÚVIDA ALGUMA DE QUE AQUELA ATITUDE ESTAVA LIGADA AO PASSADO.
QUE DISPARATE! É HORA DE ESCANCARAR TODA A EMOÇÃO!
FOGUETES ENCANTAM-LHE OS OLHOS COMO VIAGENS RESPLANDECENTES DE MARAVILHOSO. TINHA ESPERADO A VIDA INTEIRA.
POR FIM CHEGARA DE UM PERCURSO TODO SALPICADO DE ESPINHOS. UMA ENORME ESTRADA PARECIA ESTENDER-SE, NUM DESCANSO VIVAZ, VIDA FORA.
A CABEÇA SUBIA ATÉ À LUA E MAREAVA-SE ENTRE ESTRELAS, NUMA PRATA TÃO COMOVEDORA COMO ACESA.
Trepida nas ideias o ruído da vida inundada de raios de luz, deixando esfumar sonhos e prazeres submissos, em densidades luzentes com luas vermelhas.
Mistérios feitos de dualidades, e não, incompatibilidades.
Quietudes aparentes balanceadas pelo entusiasmo voraz e a indiferença, numa falência de objectivos, mestra de si mesma.
Abdicar ou desafiar?
Um fluido aturdimento de emoção, arde em permutas da mente, no calar da mágoa.
Deslumbre boémio e incorrigível, que vagabundeia em círculos, num deleite mórbido.
Presente
Eu não gosto tanto de ganhar presente
Comparado o quanto eu gosto do presente.
O que eu gosto mesmo,
É de ganhar o presente.
Ter presente é bom,
Mas ser presente é melhor ainda.
Que presente
Ganhar um presente,
De um Ser presente!
Isso sim
É ganhar um presente,
Ganhar o presente
Do presente.
É mais fácil ganhar presente
Do que dar presente.
Difícil mesmo,
É ser presente,