PROFESSORA

Ensinas com maestria
Teus meninos com carinho
E na névoa da Sala de Leitura
Ainda escura pelo sol que dorme nas manhãs
Encanta teus meninos com o jasmim
Do teu perfume e teus amigos de estantes.

Entre redondilhas chegam Vinícius, Clarisses, Eças
Quintanas, Gulares e outros mestres que florescem a ti
E a teus nubentes do apreender neste jardim da vida sapiência
Enobrecendo tua biblioteca como o lugar mais ditoso do universo.

CORAÇÃO

Músculo que não sabe nada
Músculo controlado por massa neurônica
Neurótica massa de sinapses cerebrais.

Músculo que não sabe nada: nada!
Mas por ser coração dos apaixonados
Pesa mais as decisões aladas
Que o cérebro deleta racionalmente
Em qualquer decisão de amor.

ESPANHOLA

Danças com tuas castanholas
Entre babados coloridos
Das luzes desse eterno cabaré: vida.

És linda e danças contrita
Com a sensual peça, castanhola do desejo: ferida.

Olhas para mim na mesma mesa ao lado
Refletindo tua vontade de querer
Meus lábios entre os teus lábios calientes
Linda espanhola do prazer: deusa amoral.

QUANDO O AMOR CHEGAR

Se o amor então chegar
Já não sei o que dizer
Tanto tempo a lhe esperar
Talvez por lhe esquecer...

Quando o amor então chegar
Já não sei o que pensar
Me entregarei talvez
Nova mulher
Para me reencontrar...

Mas talvez o meu amor
De saudade e de verdade
Meu amor guerreiro e verdadeiro
Abrirá para ele o peito das janelas
Da minha dor sem rancor...

Quando o meu amor
Então partir...
Chorarei de solidão
E eternamente gritarei
Não vá embora, amor,não...

Adeus

 

O outono já! - Mas por que ter saudades de um eterno sol, se

estamos empenhados na descoberta da claridade divina, - longe dos

que morrem nas estações?

O outono. Nossa barca elevada nas brumas imóveis navega em

Quero ir...

 

“ Quero ir…”

 

Deixei o tempo para lá…

Sem sequer o percorrer,

Na ampulheta do Tempo parei.

Acordei no lado de cá…

Senti o cheiro nauseabundo,

Da agonia do Mundo trajado,

Na peça que representa a Vida,

No júri que decide sentado…

Deixei o tempo para lá,

Quis morrer sem existir,

VERÃO

Ao chegar e partir
A dor da imensa solidão
Milhões de nãos
Flores fechando em botão.

Reaprendi a amar
De novo volto a escutar
Teus lábios a professar
O recordar que vivi.

Em busca então
Do novo verão
Eterna andorinha sou

Buscando amor
Em nova flor
Que abre em furor
Para sempre
Enquanto o verão
Idilicamente durar.

Pages