Todas as teorias, todos os poemas
Autor: Alberto Caeiro on Tuesday, 5 February 2013
Escrito em 11-1-1916.
Todas as teorias, todos os poemas
Duram mais que esta flor.
Escrito em 11-1-1916.
Todas as teorias, todos os poemas
Duram mais que esta flor.
Que harmonia suave
É esta, que na mente
Eu sinto murmurar,
Ora profunda e grave,
Ora meiga e cadente,
Ora que faz chorar?
Porque da morte a sombra,
Que para mim em tudo
Negra se reproduz,
Se aclara, e desassombra
Seu gesto carrancudo,
Banhada em branda luz?
Porque no coração
Não sinto pesar tanto
O ferreo pé da dor,
E o hymno da oração,
Em vez de irado canto,
Me pede íntimo ardor?
La estavas tu, a sorrir
Máquina alguma de poupar trabalho
eu fiz, nada inventei,
nem sou capaz de deixar para trás
nenhum rico donativo
para fundar um hospital ou uma biblioteca,
reminiscência alguma
de um acto de bravura pela América,
nenhum sucesso literário ou intelectual,
nem mesmo um livro bom para as estantes
— apenas uns poucos cantos
vibrando no ar eu deixo
aos camaradas e amantes.
O movimento oscilante nas margens das quedas do rio.
O abismo na popa,
A rapidez da rampa,
A passagem imensa da correnteza
Levam por luzes inauditas
O evento conta com "Manuela Ferreira" que irá declamar algumas poesias
Conta também com a ensenação teatral em MIMICA do poema mais elegido; aliás, qual conta no reverso da capa: "Águas e Gritos.
Durante o evento contamos com a participação da nossa amiga: "Katya Borges" que providenciará uma projecção de Powerpoit contando a história artistica da poesia com imagens relativas ao livro: "Páginas de solidão" e outras que emitam a sensibilidade dos sons mais assimilados ao evento.
Se dizias que me amavas
Então dizes por que deixou
No meu coração as maiores cavas
De um amar que nunca me amou!
Nunca brinques com o coração d'um apaixonado
Pois este é frágil, preso e inocente
E por mais que da paixão carregue o fardo
Não merece sofrer desse calor latente...
E agora, te vejo obscura
Como um cadáver jogado à morte
Como a alegria que a vida me roubou
Percebo que o amor não procura
O ser com a melhor sorte
Para adoentá-lo com a praga do amor!
É comum o sapo morrer na lagoa.
O mendigo comer lixo na sarjeta
O tráfico de entorpecentes nas escolas,
A fila quilométrica do INSS fazendo curva na rua estreita
O moleque desde a tenra idade viciado em cola.
É comum a violência subjugar a lei.
A mãe com uma “penca” de filhos no semáforo pedindo esmolas
O inocente ser refém da mesma grei,
Os filhos desesperados do desemprego
os escravos das drogas.