A Ceifeira (INCOMPLETA)

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    Porque é que te odeiam os homens se os levas
                 A um mundo melhor?
    Ó velha hospedeira da aldeia do nada,
    Tenho as malas promptas, vou breve partir.
    Prepara-me um quarto na tua pousada
    Que tenha a janella para o sul voltada
    E fontes á roda para eu dormir...

*DOENTE*

Podesse eu junto a mim--eternamente!--
Sentir roçar, meu bem! o teu vestido
E ó ventura! o teu bafo enfebrecido,
Teu doce olhar e o teu sorrir doente!

Caia do monte o cedro! a grande molle!
Que feneça a _herva prata_ lá no val--
Que me importa!--e qual é meu grande mal
Que morra o cedro, e a planta s'estiole!...

Mas tu, meu bem! mais bella que a _herva prata_
Banhada pelo orvalho transparente...
Não quero que te vás de mim, ingrata,
--Nem teu olhar, nem teu sorrir doente!

Porque é que existo?

Sinto que nada sou
E que nada vou ser
Pois para onde vou
Nunca chego a aparecer

Se apareço, logo desapareço
Como algo que não existe
Até eu, de mim me esqueço
Sou alguém que só assiste

Porque é que vivo
Se o meu corpo morreu
Para nada sirvo
Nem sei, quem sou eu

Qual a razão de tudo isto
Se sou o inverso
Porque é que existo
Neste mundo perverso

O meu corpo jaz
Transforma-se em pó...
Já estou em paz,
Mas continuo tão só...

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