A poesia voa

Deixei-me perder
No rio da incerteza
Agora no meu ser
Reina a tristeza

Navego num caminho
Sem princípio nem fim
Completamente sozinho
Espero-te em mim

Memórias levadas
Pela espuma da saudade
Foram apagadas
Desta triste realidade

Vejo-te voar
Pelas nuvens fora
Querendo-te agarrar
Este ser que te adora.

*IDYLIO D'ALDEIA*

Oh! que harmonia!
      Cadente s'esvoaça pela fresta
      D'um visinho postigo!
    (Hostia d'ouro)

Não sei que ha que me impelle
Para o teu escuro olhar!...
É mais branca a tua pelle,
Do que o linho de fiar!

É tua boca um botão,
E o teu riso a lua nova;--
Quem me dera ter na cova
Os _ais_ do teu coração!

Mal podes saber o gosto
Que tive da vez primeira
Que te avistei, ao sol posto,
Debaixo d'esta amoreira!

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