Confissão d'uma rapariga feia (INCOMPLETA)

    Ha raparigas n'este mundo,
    Ha raparigas que são feias,
    Mas nenhuma tanto como eu.
    De mim tenho nojo profundo,
    Ciumes do Sol, das luas cheias,
    Que vão tão lindas pelo céo!

    Nos arraiaes, nas romarias,
    Adelaides, Joannas, Marias,
    Todas tem par, mas menos eu.
    Todas bailam, rindo e cantando,
    E eu fico-me a olhal-as scismando
    Na sorte que o Senhor me deu!

*CONFISSÃO A UMA VIOLETA*

Eu confesso-me a ti, doce flor delicada!
Recolhida, modesta, e sol da singeleza,
Das vezes que atravez da verde natureza
Fiz soar com orgulho a bulha do meu nada!

Em vez de amar a vida humilde, chã, callada,
Do sabio estoico e são, exemplo d'inteireza,
Quantas vezes cuspi no Justo e na Belleza;
E cri-me o Fogo e a Luz da géração creada!

Orgulho! orgulho vão! Vaidade e mais vaidade!
Como disse o rei sabio e justo á claridade
Dos astros da Judea e ao gyro dos planetas!...

a totalidade das perguntas sem resposta

 

Queria poder entender

certas coisas da vida

e do Universo

ainda que longe de conhecer

a totalidade das perguntas

sem resposta que regem

o todo

 

queria ter pelo menos

uns porquês

que fossem suficientes

para acalmar

meu inquieto coração

 

Perguntas sem fim

me levam para um mar

em que percebo

depois de muito me debater

que não sei nadar

 

Queria somente

uma resposta

talvez

por que

naquele dia

aconteceu

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