LEMBRAS-TE?
Autor: Bulhão Pato on Sunday, 20 January 2013
Os homens não aceitam os seus profetas e matam-nos, mas eles amam oa seus mártires e adoram aqueles a quem eles têm torturado até à morte.
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
Ha raparigas n'este mundo,
Ha raparigas que são feias,
Mas nenhuma tanto como eu.
De mim tenho nojo profundo,
Ciumes do Sol, das luas cheias,
Que vão tão lindas pelo céo!
Nos arraiaes, nas romarias,
Adelaides, Joannas, Marias,
Todas tem par, mas menos eu.
Todas bailam, rindo e cantando,
E eu fico-me a olhal-as scismando
Na sorte que o Senhor me deu!
Eu confesso-me a ti, doce flor delicada!
Recolhida, modesta, e sol da singeleza,
Das vezes que atravez da verde natureza
Fiz soar com orgulho a bulha do meu nada!
Em vez de amar a vida humilde, chã, callada,
Do sabio estoico e são, exemplo d'inteireza,
Quantas vezes cuspi no Justo e na Belleza;
E cri-me o Fogo e a Luz da géração creada!
Orgulho! orgulho vão! Vaidade e mais vaidade!
Como disse o rei sabio e justo á claridade
Dos astros da Judea e ao gyro dos planetas!...
Uma grama de prática vale mais do que toneladas de pregação.
As carroças de cobre e prata —
As proas de prata e aço —
Espalmam espumas, —
Esgarçam maços de sarças.
As correntezas da roça,
E os sulcos imensos do refluxo,
Boa noite, boa noite! A despedida é uma doce e dorida tristeza, que eu vou dizer boa noite até que seja amanhã.
Queria poder entender
certas coisas da vida
e do Universo
ainda que longe de conhecer
a totalidade das perguntas
sem resposta que regem
o todo
queria ter pelo menos
uns porquês
que fossem suficientes
para acalmar
meu inquieto coração
Perguntas sem fim
me levam para um mar
em que percebo
depois de muito me debater
que não sei nadar
Queria somente
uma resposta
talvez
por que
naquele dia
aconteceu