Palavras Matam
Autor: Reirazinho on Thursday, 5 May 2022Sou um linguista nato,
corro na floresta
de palavras, mas mato
é o termo que presta.
Sou um linguista nato,
corro na floresta
de palavras, mas mato
é o termo que presta.
o precipício que enfrentei quando dispus o meu sofrimento numa tribuna; quando baseei os meus triunfos nas folias que inspiraram os meus ditames; quando emudeci os meus pêsames.
aguardar com anseio
o encontro com ela
a substância
a aparência
a desconfiança dela
inscrita nos móveis descansados
subentendida em meras pistas
códigos e rastros
a moderar a ausência dela
singela pronúncia
que perpassa a atmosfera
da manhã seguinte
com toques de translúcida presença
presença dela
insinuada em névoas recentes
neste imaginário (?) vislumbre
vislumbre dela...
Trilhamos sempre um caminho
Destinado ao belo ou ao feio
No trilho exaspero das flores
Ou então na ventania de verão
Larva ou borboleta do jardim
És dono da metamorfose
Mas ao trair a coragem,
Regressarás ao lado estupefato
Rastejarás nas entranhas do tempo
Ou baterás o voo eterno
Para uma manhã de garoa inefável?
Não se enclausure no casulo
a importância das reflexões no palco onde a angústia se distende, o impacto da tacanhez no mundano entendimento, a melancolia retorquindo aos paraísos instituídos pelos ilustres contendores.
a tribuna altaneira donde emito relatos infetados por uma grande solidão; donde patenteio lengalengas que extravasam uma alegria que fende os turbulentos caminhos que desbravei; donde amplifico os sigilos que nutrem as minhas comoções.
meu Senhor me assegurou
que
para onde forem-se as estações
(onde quer que eu esteja
seja deserto sórdido, seja realeza
seja damasco seja cereja)
que eu não me leve pela correnteza
nem ande cabisbaixo ou cultive asperezas
que sejam meus serenos ou sonoros
que eu não me distancie
da idade da razão
avassaladora como um cometa
ou a sua expectativa
-irrevogável vaticínio de poeta