OPERÁRIOS

Ó a morna manhã de fevereiro. O vento sul importuno veio reavivar nossas lembranças de indigentes absurdos, nossa jovem miséria.
Henrika vestia uma saia xadrez branca e marrom, em moda no século passado,
uma boina com fitas e um lenço de seda. Era bem mais triste do que um luto.
Dávamos um giro nos subúrbios. tempo nublado, e esse vento do Sul excitava
todos os odores ruins de jardins arrasados e campos secos.
E isso parecia cansar mais a mim que à minha mulher. Numa poça deixada

Eu Sou Assim

 

Eu sou Assim.

                               Guel Brasil.

            Não sou bonito nem feio

            Não sou rico nem sou pobre,

            Não tenho muita leitura

            Não sou plebeu nem sou nobre.

 

                        Não sou branco nem sou negro

Caindo com Glória

  

Tenho de cair para me levantar

Enquanto me levanto em tropeço

E em tantas quedas, da vida não me esqueço

Enquanto cair e me puder levantar

- Ontem, esbarrei neste caminho

Cambaleando em direcção ao chão

No pulsar activo do coração

Por todas as direcções do meu destino

- Hoje, caminho e tropeço

Caio, levanto-me e volto a cair

Sem parar de me levantar e pedir

Para voltar a cair, mesmo quando não peço

- Amanhã, vou aprender a cair

Mesmo antes de me levantar

Para saber como pisar

Varão Extinto

 

 

 

Narra-se o poema, ao consumo da reticência

Pelo olhar longínquo, no horizonte do Poeta

Mais alto que a voz, anseio de Profeta

Ao maior das marcas em sua existência

 

Louva-se o vento, aventureiro abastado

Comendo, por dentro, o pó da essência divina

Ao cantar da lágrima, num sopro que o defina

Por um pouco ao desdém do tempo encontrado

 

Que as flores prosperem, ao saber da Primavera

Florindo nas cores do olhar capaz

De onde se rompa o peito, libertando a paz

Alegria Urgente

 

 

A multidão consumia-me com os olhos;

Tu: Embrulhavas-te no convívio do entretenho;

Eu: Passava por ti; ao largo, quando, no meu coração,

Havia a revolta das diferenças, “por me sentir único”

«Quando queria ser mais: Mais que gente…

E encontrar-te, para mim, naquela virada da sorte;

Tão certa quanto a morte…

Onde teu beijo me acordasse, uma alegria urgente» …

VIRGINIA

Para se recitar no theatro do Príncipe-Real

    Senhores! vêde o sol; diariamente
    Nasce, cruza esse espaço e, no poente,
            Acaba de brilhar.
    É util, é preciso, é necessario,
    Não é pois inconstante, não é vario;
            É certo, é regular!

    Hervas que nutrem, animaes que comem,
    E a imagem de Deus--que falla--o homem,
            Sem essa luz, dizei:
    Vegetavam acaso, existiriam?
    Os echos d'esses valles repetiam
            Alguma voz? O que!...

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