Nem sempre sou igual no que digo e escrevo
Autor: Alberto Caeiro on Sunday, 16 December 2012
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
Pensar que estou feliz incomoda!
Não deveria sentir-me feliz num mundo cheio de problemas. De dificuldades. De coisas não resolvidas. De miséria. De fome. De desemprego…
Não deveria sentir-me feliz quando à minha volta a tristeza impera. A desilusão parece ser uma constante.
Não deveria sentir-me feliz quando alguém ao meu lado chora!
Quando alguém tem frio e não tem o que vestir.
Quando alguém tem fome e não tem o que comer.
Quando alguém quer trabalhar e não tem o que fazer. Um emprego para onde ir.
No entanto…
Escrevo-te porque te sinto. Porque o desejo é imenso.
Escrevo-te porque não te esqueço. Continuas entranhado no meu ser! Fervilhas dentro de mim.
Escrevo-te porque estás vivo. Presente. Por muito que queiras estar ausente.
Partiste com intenção de esquecer. De deixar de existir. De morrer.
Não conseguiste!
Vives na minha alma. No meu corpo. Na minha pele… vives! Jamais vais morrer…
Enquanto eu viver!
_A Bertha Cayolla Gil Vianna_, minha sobrinha
Oh Desgraça! vae-te embora,
Que esta linda criancinha
Andou no meu ventre e agora
Trago-a nos braços. É minha!...
Do berço, segue-me os passos;
Onde eu vou, seus olhos vão...
E quando a aperto nos braços
--Abraço o meu coração.
Quando o seu chôro receio,
Embalo-a, faço que acceite
A alegria do meu seio
Na brancura do meu leite...
O meu vizinho é carpinteiro,
Algibebe de Dona Morte:
Ponteia e coze, o dia inteiro,
Fatos de pau de toda a sorte:
Mogno, debruados de velludo
Flandres gentil, pinho do Norte...
Ora eu que trago um sobretudo
Que já me vae a aborrecer,
Fui-me lá, hontem: (era Entrudo,
Havia immenso que fazer!...)
--Olá, bom homem! quero um fato,
Tem que me sirva?--Vamos ver...
Olhou, mexeu na caza toda...
--Eis aqui um e bem barato.
Que magua ou que receio
Dos olhos te desata
Aljofares de prata
No jaspe do teu seio?
Bem intima ser deve
A pena que te opprime,
Flôr tenra como o vime,
Flôr pura como a neve!
--Compunge-te isso, dóe-te
Vêr esmaltando o calix
Da erma flôr dos valles
O balsamo da noite?
Se aos olhos nos affluem
As lagrimas, parece
Que a dôr nos adormece,
E as maguas diminuem.
La neige batait les vitres...
(Gustavo Droz)
Cae lentamente a neve em cima dos telhados.
Tres longos dias crus, terriveis são passados,
Que o rude lavrador anda por fóra ao vento,
Á neve, ao frio, ao sol, em busca de alimento,
E ainda não voltou. Um dos tres filhos chora;
Rija e sonoramente, a chuva cae lá fóra.
A Lei da pura amizade
Minhas lagrimas condemna;
Quer que ceda a minha pena
A' tua felicidade;
Vai; e em quanto a vil maldade,
E a intrigante cubiça,
A baixa inveja, a injustiça
Pézas na recta balança,
Conserva de mim lembrança,
Que he tambem fazer justiça.
Navio que partes para longe,
Por que é que, ao contrário dos outros,
Não fico, depois de desapareceres, com saudades de ti?
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