poemas da razão
Autor: António Tê Santos on Thursday, 28 July 2022burilo os meus versos quando junto ao prazer de redigir as fráguas espalhadas pelas constrangidas sendas juvenis ou quando desloco do meu horizonte a trivial natureza humana.
burilo os meus versos quando junto ao prazer de redigir as fráguas espalhadas pelas constrangidas sendas juvenis ou quando desloco do meu horizonte a trivial natureza humana.
a ânsia de derreter o gelo que se instala nos lugares onde progridem tantas guerrilhas torpes; de retirar do mundo a sua humanidade pungente para a cuspir no oceano da hipocrisia; de estraçalhar a tela anuviada pelas nossas ilusões.
há figurações que cicatrizam os nossos tormentos; há uma desenvoltura que proporciona as nossas investidas contra tudo aquilo que nos sobressalta; há um território neutro onde realizamos os nossos ideais.
há saudade que não se recorde?
há mulheres que são de ninguém?
há indícios de deserto na solidão dos pântanos?
há ternura que desagrade alguém?
há escadas para se tocar o abismo?
há virtudes que infligem temor?
há cores que vazam os olhos?
há rios que delimitam o céu?
há abrigo na louca paixão?
há trevas que contrariem um olhar?
há delícias em lembranças malditas?
-há o que há
Puxo a minha lâmina e lá corto,
Costuro o verso com cuidado,
Lapido do melhor jeito o corpo.
Deixo as torpezas de lado,
Meu humano superior em versos,
Está além do tempo e da morte.
Exaurido dos baixos infernos
Os anjos da poesia do norte.
há gente que acalenta rumores com eloquência; que discursa com ênfase sobre a impiedade dos homens e sobre os seus modos presunçosos; que gera reflexões corrompidas pelas disputas sobre a famigerada virtude.