A educação é uma coisa admirável...
Autor: Oscar Wilde on Thursday, 22 November 2012A educação é uma coisa admirável, mas é bom recordar que nada do que vale a pena saber pode ser ensinado.
A educação é uma coisa admirável, mas é bom recordar que nada do que vale a pena saber pode ser ensinado.
Uma noite, sentei a Beleza no meu colo. - E a achei amarga. - E a desprezei.
Não Canse o Cego Amor de me GuiarPois meus olhos não cansam de chorar
	Tristezas não cansadas de cansar-me;
	Pois não se abranda o fogo em que abrasar-me
	Pôde quem eu jamais pude abrandar;
	Não canse o cego Amor de me guiar
	Donde nunca de lá possa tornar-me;
	Nem deixe o mundo todo de escutar-me,
	Enquanto a fraca voz me não deixar.
	E se em montes, se em prados, e se em vales
	Piedade mora alguma, algum amor
	Em feras, plantas, aves, pedras, águas;
Por essa vida fora hás-de adorar
	Lindas mulheres, talvez; em ânsia louca,
	Em infinito anseio hás de beijar
	Estrelas d´ouro fulgindo em muita boca!
	Hás de guardar em cofre perfumado
	Cabelos d´ouro e risos de mulher,
	Muito beijo d´amor apaixonado;
	E não te lembrarás de mim sequer...
	Hás de tecer uns sonhos delicados...
	Hão de por muitos olhos magoados,
	Os teus olhos de luz andar imersos!...
Guilhotinas, pelouros e castelos
	Resvalam longamente em procissão;
	Volteiam-me crepúsculos amarelos,
	Mordidos, doentios de roxidão.
	Batem asas d'auréola aos meus ouvidos,
	Grifam-me sons de côr e de perfumes,
	Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
	Desce-me a alma, sangram-me os sentidos.
	Respiro-me no ar que ao longe vem,
	Da luz que me ilumina participo;
	Quero reunir-me, e todo me dissipo -
	Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...
Amor sem fruto, amor sem esperança
	É mais nobre, mais puro,
	Que o que, domando a ríspida esquivança,
	Jaz dos agrados nas prisões seguro.
	Meu leal coração, constante e forte,
	Vendo a teu lado acesos,
	Flérida ingrata, os ódios, os desprezos,
	O rigor, a tristeza, a raiva, a morte,
	Forjando contra mim, por ordem tua,
	Mil setas venenosas,
	Em prémio destas lágrimas saudosas,
	Inda assim continua
	A abrasar-se em teus olhos... Vis amantes,
	Corações inconstantes,
	De sórdidas paixões envenenados,
Mas troa a voz do monge, e, emfim, desperto
	O coração bateu. Eia, retumbem
	Pelos ecchos do templo os sons dos psalmos,
	Que em dia de afflicção ignoto vate
	Teceu, banhado em dôr. Talvez foi elle
	O primeiro cantor que em varias córdas,
	Á sombra das palmeiras da Iduméa,
	Soube entoar melodioso um hymno.
	Deus inspirava então os trovadores
	Do seu povo querido, e a Palestina,
	Rica dos meigos dons da natureza,
	Tinha o sceptro, tambem, do enthusiasmo.
	Virgem o genio ainda, o estro puro
Não!--não foi sonho vão, vago delirio
	De imaginar ardente. Eu fui levado,
	Galgando além do tempo, ás tardas horas,
	Em que se passam scenas de mysterio,
	Para dizer:--Tremei! Do altar á sombra
	Tambem ha mau-dormir de somno extremo!»--
Sobre as dobras rendadas da mantilha
	Brilham-te, como soes em pleno dia,
	Os olhos mais galantes de Sevilha
	Na fronte mais gentil d'Andaluzia.
	A tua voz ao som da guitarrilha
	Tem vibrações extranhas d'harmonia.
	Ninguem canta melhor a seguidilha
	N'esse paiz do Amor e da Alegria.
	Nas voltas caprichosas do _bolero_
	Não tens rival em graça e em _salero_
	Carmen gentil, oh flôr das hispanholas!
	Tu fazes-me o effeito inebriante
	Dos vinhos de Xerez e de Alicante
	Quando bailas ao som das castanholas!
Eu não trajo o burel do magro cenobita
	Nem me posso infligir crueis macerações;
	Mas não rio d'alguem que busca a paz bemdita
	No seio casto e bom das grandes solidões.
	Bem sei que ha na montanha aromas penetrantes
	E certas vibrações que podem fazer mal;
	Mas se é preciso Deus, direi que é melhor antes
	Amal-o com fervor no templo universal!
	Em quanto sobre o altar das serras azuladas
	Mil lampadas do céo derramam toda a luz,
	Nas velhas cathedraes, já meio arruinadas,
	O Tempo,--o grande verme!--até devora a cruz!