Alarde
Autor: Wania Andrade on Friday, 25 April 2014Ah, criança, cuida com as marés, elas mudam como o vento…
e se não brilha no olho é porque não encanta a alma e se
Ah, criança, cuida com as marés, elas mudam como o vento…
e se não brilha no olho é porque não encanta a alma e se
Vivo atormentado pelas coisas que não faço.
Sou uma ilha de dormência e de cansaço,
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E um pássaro livre de asas pretas tapou o céu
Como se todos os anjos da guarda descessem aos subterrâneos
E a noite cantou em negro o dilúvio de chuva de prata
Como se um coro de fogo de artifício tombasse na terra
E as trombetas nas muralhas tocaram rodos de água
Como se anunciassem o arrasto do vento longo e frio
E as mãos frias de coração quente caminharam entre enormes poças
como se os pés seguissem pegadas de sonhos concretos
E as quedas nas vestes saturadas esvoaçadas abanaram
Há flores que nascem na terra
Providas de amor e de paz,
E outras que nascem na pedra e na pedra onde nascem elas morrerão
A primeira, eu digo, não erra
E tampouco algum mal ela traz
As primeiras que nascem e crescem se espalham no vento e por lá estarão
Mas escute o que agora eu lhe digo
A segunda ela é fria e tão dura
Elas nascem crescidas e tão bem formadas que nunca que elas mudarão
Tenho tentado ser eu,
Fazer o certo,
Ser mais do que aquilo que, por vezes, consigo ou posso ser.
Pertenço a alguém que não me conhece,
Mas continuo a dormir na minha cama.
Não penso ter a pessoa certa para mim,
Porém,
Tenho a certeza que ninguém mais será melhor para ti,
Do que eu.
Pertenço unicamente a mim,
E tu nem imaginas o quanto me pertences,
É algo que precisas sem perceber que necessitas,
Eu.
Estaria agora do teu lado se um dia me olhasses,
E me visses.