Lacrimosa

Rochas em seus pedaços arregaçados,
justaposto aos resíduos dos mares,
com sangue e tragédia, a azáfama
do apocalipse maldizente.
Nem rançosos Panzer’s são tão funestos
quanto os alicerces da história humana.
Decadência, virtude, vida, morte: nada
O nada agora importa, o nada se tornou
tudo, como era eu e você.
Insatisfação por milênios, nós carregamos
como Dybbuk sobrepondo nossos fardos;
A vontade, desgraçada vontade,
amaldiçoou o homem, em sã consciência
Como Zeus com Atlas segurando o céus.

Extra-sensorial

Um silêncio extra sensorial flui nas pétalas do tempo marginal
Qual flâmula luzidia flameja casual, acidental…tão crucial
Já amadurecida a solidão plagia um intenso sussurro quase fatal
 
Este silêncio extra sensorial ausenta-se num lamento tão factual
Nutre a derme de minh’alma derramada num harmónico desejo viral

TEXTO EXTRAÍDO DE "POESIAS COMPLETAS DE ALBERTO CAEIRO"

 

 

 

"O que existe transcende para mim o que julgo que existe.

A realidade é apenas real e não passada".

 

 

                                                                 Fernando Pessoa                                                           

 

O Tempo triste

O tempo saboreia todas minhas veias
Um conglomerado de células
Desimportantes para este senhor
Consumidas também
Sem piedade pelo assustador espelho
Não é com a aparência
Que me preocupo
E com que eu prego no mundo
Eu me sinto triste ,
Para que esconder o que sinto ?
Os trocados de afetividade são os
que servem ,
Entregues para quitar a anti alegria
Viver preparando os retalhos
Para cortinar a sala durante a refeição do tempo,
De profecias particulares
Um tiquinho de felicidade

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