Silêncios indesvendáveis

Desancorada a luz flutua ao longo do horizonte estático
Analógicos são os silêncios fluindo no poente algo enigmático
Só um estóico e obstinado sussurro adormece além subtilmente profilático
 
Desencaixotado o tempo liberta cada hora resoluta e inabalável
A saudade desempoeira um gomo de solidões genéricas e inevitáveis
Na melancolia de uma prece nostálgica fervilham palavras tão inolvidáveis
 
Sinto e saboreio a gastronomia das memórias famintas e imperscrutáveis

um visceral discernimento

no pensamento se neutralizam as brigas que emergem das nossas condutas supérfluas: ele nos apresenta o tarifário duma existência febril quando examina o impacto de tantas rebeliões; ele nos restabelece dos conturbados percursos que nos afastaram dos hábitos fundamentais.

Terça nobre

A tv anuncia o filme : terça feira nobre
filme tão glacial , não muda a minha face inanimada !
fantasmagórica, é a atenção do amor
filme tolo, não detém a minha dor dinâmica
gostaria de reescrever tantas cenas desta tela
e apertar os passos sem sair da poltrona
sabem os expectadores deste mundo , corrigir tantos dilemas ?
desliguei o filme chato , melhor revisitar os antigos retratos
mas a nostalgia tirana, mudaram a atitude dos meus olhos !
tantas cenas e lembranças rimam com a felicidade antológica penetrante

XXIV/X

Eterno, vento eterno, que assolas em planícies mortas

Esquecidas pelos tempos, Imortal luta...

Um sentimento crescente

Distante no tempo

Verso maldito, amaldiçoado por eras

Teme o momento, o esquecimento

O som angustiante de mil almas em tormento

Vive o momento, liberta-te do que prende

Nada existe em todo o lado

Não vejas, sente... O Vazio aguarda

Um novo mundo te espera, além deste tormento

 

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