AUTO DE TODOS OS DIAS

 

 

tracks / barracos

pilhas: torres de açúcar amargo

filas de condenados

vagando vagando pelos condados

no olho tóxico do furacão

devorando o lixo acumulado

em quartzos sem luz

frases / fetos / objetos diretos

cuidam de seus anonimatos

como se cuida do próximo

do próximo ausente

com a frieza de carnívoros famintos

perante a ante-sala

à espera da presa que certamente

virá: eu

com cautela e mantra e oração forte

invulnerável à  luz do dia

Coração

Entre vértebras e assustada fé
Além do amor e dos perdidos amores
Os placebos não livram das dores
O amor que se sustenta na contramaré

Nem um coração safenado critica
Qual a dor mais profunda e criativa
Coração robotizado a vida desmotiva
Qual das veias o amor se aplica

Estrada de servis a melancólica estadia
Este leito é de muita brancura e solidão
Beijos são gotas vibrantes no coração

Sentem os anjos que tipo de emoção?
Daí Senhor metade desta sensatez
Aos humanos em aflita pequenez

Lândia

Lândia

O tempo tudo cura
Pois o vento tudo leva
E pelo meu colarinho rompe
O que na leva se perde
E devolve-se
Às ruas da amargura
O colarinho de vento.
Nunca te esquecerei
O vento não me deixará.
Às vezes o vácuo soa a terra prometida

 

 

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