A perversão de Devorath

Crânio em mãos pesa meus ignóbeis dedos,
fatiga meus ossos e coagula meu podre sangue.
Seus obscuros olhos molestam meus medos;
abjeto sorriso a fagocitar minha boca infame.
Madrugada, ábdito ódio perece minha calma;
que vedes a putrefação de meu lindo rosto,
e de augúrio profetiza minha néscia alma.
Meu castelo inundado nas marés do poço.
Assombração malogra meu ouvido;
busca o sacrossanto em completude:

Limpeza Nacional

Reluzente força do amargor que é rasgada pelo raio dessa espada. Sua redenção chegou.
A debilitação de meu suor negro se transmuta em rosas brancas que limpa esse floral ímpio.
Da corrosão de sentimento de injustiça, traremos a paz a esse povo constituído em miséria.
Resplandecente paixão pela vida, assopraremos o pó néscio que é tua persona non grata dessas terras imundas por vossos homens.
Não terás poder sobre às águas que fluem, nem pela beleza dos lírios e nem meu amor patriota pelo meu pobre povo.

Lírio Avoliado

Espaço branco mental que deixei ocupar nesta devassidão de doces lírios que já não me animam cuidá-los. Os campos de outrora verdes que tanto amei, agora são murchados por avolia. Avolia espiritual essa que me aperta o coração por toda vez que devaneio em intuições circulares que não me levam a lugar algum. Sabe, esta avolia é aporia, ela tão incerta quanto sua própria proposição; não sei a verossimilhança dela para finalizá-la como concretização.

Quadro disforme

Detestei amar àquela donzela
Coração pinta a aquarela
Gotejamento de tinta fulcral
Que respinga quadro surreal
Angústia disforma a beleza
Sangue lacrimal escorre pureza
Mausoléu de paixão lacrada
Enterrada a obra enleada
Vendido ao amor bulício
O trabalho puramente exício

Pages