INSÓNIA
Autor: Fernanda Metelo on Wednesday, 2 December 2020INSÓNIA
INSÓNIA
contesto o frenesim diário em versos que geram próteses que me libertam; que florescem no rescaldo duma era oportuna; e que integram os fundamentos salubres onde me quero descontrair.
-Em segundos
o dragão cessará de amedontrar
as crianças no crepúsculo
-Em segundos
a competição premiará
o perdedor humilhado
-Em segundos
o príncipe desposará
a aldeã do vilarejo
-Em segundos
o crime não compensará
o lucro extorsivo do explorador
-Em segundos
as cores do mundo visível
denunciarão uma dimensão oculta
-Em segundos
o relógio indicará um instante
para se amar sob o sol lancinante
-Em segundos
a oração do crente
as vicissitudes obrigam-nos a declinar a matriz pérfida da figura humana sempre que o seu comportamento quebra as amarras dos nossos intentos ou os seus reclamos transviados nos embaciam a lucidez.
há contrariedades que eu arrebato a um mundo que me fere com a sua espada, desregramentos que eu transformo em trinados íntimos, revelações que eu colijo na orla duma existência falida.
Não muda o único devaneio
Aliados cordeiro deste amor,
sarcástico ou profano?
Será reciproco ou de engano ?
Mas,desbotou o mundo que era de arco-íris.
E tem uma voz que se desmancha e adverte:
-Não se entregue ainda amigo.
Às vezes gostariam de ser personagens de Cervantes
O amor que morreu é batalhou.
Presente e atualizando o tempo,
Há quem brinde a tantos amores,
A segunda vista, cristais inquebráveis.
Serão dedicados a camaleões?
São tantas emoções?
Seres humanos belos de beleza repentina