Silêncio sem nexo

Sem nexo o silêncio hibernou no tempo quase estilhaçado
Não existe cura para aquele eco que feneceu tão mediático
Jaz ali, abandonado no mausoléu dos lamentos mais fanáticos
 
Um incoercível olhar enigmático flui pelo corrimão das
Palavras inconformadas, indivisíveis e alucinadas, deixando

Escureceu

Escureceu mais um dia e virou passado
esticou se o tecido que serviu mais tempo
a carne nobre,
Este tecido de puríssima seda
as lágrimas descobre
Este pano , trapo de seda
era camisa preferida
do morto que era esnobe
ganhou muito dinheiro
um balaio de preocupações desnecessárias
que acumulou o tempo inteiro
mas da simpatia de Deus era pobre
escureceu mais um dia e virou passado...
Ó Deus !
- ensina me a deixar um outro legado.

Estava

 

                      Tão  enleva  estava

                      Que  não  percebi

                      Aquele  que mais amava

                       Nunca    me  quis!

 

   Nereide

DANDO PALA

 

 

 

se inverto a ordem

invento a desordem

calo minha boca

mas não me cala a palavra

esta que não fere

mas que demora a sair

para fora da órbita

de seu próprio som

palavra que nomeia

que subtrai o concreto

do abstrato

que não se abafa

gestual e onomatopeica

que diz e contradiz

o cenário

que arranca as raízes

e o caule de seu totem

que não mede esforços

para se justificar

e se a situação exigir

também não se explica

DESAFOGO

 
não há covardia,
em fugir do inevitável.
ao fugir do certo, que é certo
em cada momento contado
(e incerto).
 
não há fraqueza,
em aceitar a dor;
que por muito te consome
e que por pouco te corrói.
que já te fizeste enxergar
o tanto que (te?) destrói.
 
não há prazer,
em ganhar uma luta perdida.
se tua resistência faltar
(se tua existência falhar)

Pages