Quasi

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe d'asa...
Se ao menos eu permanecesse àquem...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dôr! - quási vivido...

Quási o amor, quási o triunfo e a chama,
Quási o princípio e o fim - quási a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

Intervalo

Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado —
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem te disse tão cedo?

Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?

Teus Olhos Entristecem

Teus olhos entristecem
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.

Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.

Chamados

Havia um olhar que percorria as horas
nada de dentes acanhados
mordidas aceleradas que mordiam
paladar sem muito gosto
uma clarividência clássica
aquela voz a clamar :
-menino vem jantar !
pois sempre dispensávamos o almoço

Estou com a mesma paciência de sempre
a dar ouvidos de forma amena
décadas e mais décadas
chamados que não intimidam mais
a fome era pouca !
os "Kichutes" no futebol
não podíamos abandonar a partida

Poema Temporário

Meu motor humano
não tem mais pique
constituído de carne
e mente estrangulados
entre laridos constantes
e vícios doloridos
sentimento e fome a consumir
meus anos

Um super sônico robusto conduz
meus sonhos a mais nada
quero experimentar teu beijo bem rápido
antes que a solidão me traduza ao silêncio
a um tempo abastado de não

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