Quasi

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe d'asa...
Se ao menos eu permanecesse àquem...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dôr! - quási vivido...

Quási o amor, quási o triunfo e a chama,
Quási o princípio e o fim - quási a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

Intervalo

Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado —
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem te disse tão cedo?

Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?

Teus Olhos Entristecem

Teus olhos entristecem
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.

Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.

CLARIVIDÊNCIA / INSIGHT

"CLARIVIDÊNCIA"

poesia de: Fernando Antônio Fonseca
(de Belo Horizonte-MG)

a luz que em teu ventre vejo

não só seduz-me

como conduz-me

ao que sempre supus

-ser meu

teu ser inteiro

radiante de fótons

dissipando todo negro receio

de não tê-la ainda

inteiramente minha

feito um brilhante adorno

de sonhos"

"CLAIRVOYANCE"

poem by: Fernando Antônio Fonseca

(from Belo Horizonte-MG / Brazil)

the light I see i

in your womb

not only seduces me

novas reflexões poéticas

a existência desemboca num cais flutuante onde a imundície é vassourada no ventre da hipocrisia por aqueles que irradiam os presságios benignos oriundos das reflexões; por aqueles que ignoram os semáforos dos iníquos mandamentos; por aqueles que recuperam o bom senso.

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