Ciumes

Tenho ciúmes

do chão que pisas

das palavras

que não me dizes

dos carinhos

que não me fazes

dos olhares

que não me diriges

dos caminhos

que percorres sem mim

do tempo

que não tenho contigo

tenho ciúmes

e amo-te

por tudo o que tenho

e não tenho contigo.

Tempestade da alma

Lá fora, o sol brilha

E eu perdida nesta sala

Mobilada de imobilidade.

Há em mim silêncios,

Memórias de tempestades

Que me fazem perder o rumo

Apenas consigo imaginar o azul do Céu

Minh `alma errante, procura-me

Não sabe que estou encurralada

Estranho-me incessantemente!

No reflexo da água deste rio

Que corre adormecido em mim

Há fantasmas que me limitam

A angústia domina-me

Guiada pela minha própria sombra.

Entre o papel e a caneta

Há um mistério que não sei decifrar

Tango

Dança latina

Em forma de poema

Sentimento que baila

De forma sensual

Dentro de um coração

Envolto em paixão

Balança o corpo e a alma

Desperta a imaginação

Selada de emoção

Tango

Dança que acalma

Que atiça

Que inspira

Dança argentina

Mexe com a retina

Encanta, balança

É fantasia

Tango é romântico

É drama passional

Na pista de baile

É belo, sensual

É poesia!

 

Sonho azul

Fecho os olhos e em alta voz

Penetro em sonho azul

Invoco Deus em minha oração

Adormeço débil e sonho que sou forte

Num universo em constelação

Não me despertem, quero viver

Viver sorrindo mesmo que seja em sonho

Morrer de amor e continuar sonhando

Como fazem os poetas

Quero ter pesadelos de otimismo

Deixar passar as horas de melancolia

Neste quarto mobilado de imobilidade

Vejo sombras que de longe me sorriem

São sombras de luz

Sombras amigas de cor azul celeste

Silencio de paz

Vagueio nas páginas rasgadas

De um velho livro

Oculto em meu olhar

A poesia de amor incontido

Transbordou!

Este contagiante enredo poético

Está agora submerso

Abro a janela, para ver nascer a aurora

Tento povoar-te docemente

No horizonte das minhas lembranças

Urgem versos envoltos em véus

Que descortinam os segredos de outrora

Uma voz emudecida retém as palavras

Encravadas na minha garganta

Tento buscar refúgio em meus pensamentos

Mas desmaio no silêncio do teu coração

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