Amor

Mandei...

Hoje mandei recolher a lua,
apagar todas as estrelas do céu,
hoje eu quero ser tua,
sem que ninguém brilhe mais do que eu...
Hoje só eu vou reluzir,
dentro do teu olhar,
vou acender em ti a noite,
hoje serei o teu luar...

Meus beijos serão archotes,
convites ao teu prazer,
minhas mãos dois candelabros,
cientes do que fazer...
Saberei enfrentar o teu breu,
com a chama do meu amor,
esta noite, tu e eu,
daremos ao firmamento outra cor...

Bem dito...

Bem dito,
o acto irreflectido,
que conduz ao amor,
ele renuncia à razão,
fazendo ao corpo um favor...

Bem dito,
esse infortúnio,
do negar não poder,
o que não faz qualquer sentido,
mas nos enche de prazer...

Bem ditos,
tu e eu,
que nos unimos num só,
e reduzimos a distância,
a partículas de pó...

Bem dito,
cada momento,
que tua pele se junta à minha,
fazendo de ti meu rei,
e eu a tua rainha...

O começo

Que renasçam as memórias mornas
Das cinzas de lembranças antiquadas
E pouco ardilosas à terra.

Que renasçam vontades chocantes
Aos que pouca luz agora têm
Em retinas cegas com umbras.

Que renasçam os desejos de um sonho
Tido em criança, uma jornada tão sã
Que domina montanhas e marés.

Que renasça o amor de uma prisão
De frio tão frio, uma corrente
Invernal e isolada do Céu.

Mas já renasceu em ti Ninfa.

Cresçamos, criarmos e renovemos
O que de arcaicos pensamentos
Permaneceu oculto e temido.

Às armas!

Desapeguei-me de catarses e eufemismos,
Das metáforas e sonetos, rochas num caminho
Ondulado designado a ser direto.

Faço-me justamente pelos meus punhos
Cobertos de vontade e desejo
Por um novo amanhã que acreditei não vir.

Se por dor não travo, por desaforos menos ainda,
Pois se a mim mesmo consegui sobreviver,
Nada é digno de me parar na demanda de te ver!

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