Amor

Poema sem nome

És tanto, e achas-te tão pouco,

Dás-me tão pouco, e acho-te tanto.

Evita o engano que o teu valor é outro,

Enquanto que eu louco me vou evitando.

 

Mas quanto preciso de dar?

Quando irei receber?

Será em vão tentar-te olhar?

Quando não me queres ver?

 

Não te vejas nesse espelho

Tão comum, todos iguais.

Pudesses ver o que eu vejo.

E verias que és mais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O tempo

O tempo

O tempo  é eterno, porém a dor no coração aumenta, porque a traição rasteja.

A dor está indo embora e no lugar dela chega a solidão.

O sol não causa mais tanta dor.

Com o corpo leve

Bebo água nunca

E me alimento bem 

A repreensão severa já passou e o amor está em mim e na companheira que não existe.

 

Voz

A tua voz…

Mantem-me suspensa no infinito

Adoro o teu timbre divino

Fecho os olhos ao ouvir-te e voo para longe

A tua voz…

Doce e melodiosa

Transfigura-me a alma

Faz-me sentir saudades de algo que ainda não vivenciei

A tua voz…

Ao escutar-te

Consigo imaginar os traços maravilhosos

E desenhados a pincel do teu sorriso

A tua voz…

Preenche o meu mundo

Pinta-o de aquarelas coloridas e vibrantes.

És só uma voz…

E tanta coisa acontece

Só com o poder de uma voz.

No teu jeito

Pelas estradas
 
deste velho mundo Ocidental
 
estou sujeito ao que sou
 
e desamarro-me
 
em qualquer tempo poético
 
transpirando pelos poros
 
suores adocicados com palavras
 
caminhando comigo na fulgura
 
dos ventos bravios sensuais
 
…e se tal destino tu ainda
 
com brevidade me concedes
 

Coreografia da cegueira

E nós incapazes
 
de reconhecer os traços
 
gentis e esfomeados do amor
 
nos entregámos de vez
 
aos cuidados consentidos
 
desta metáfora em desalinho
 
numa coreografia cega,intempestiva
 
sem embaraços, nem contratempos
 
ilibados nesta poesia
 
sufragando todas as ilusões
 
num veto sereno de amor
 

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