Amor

A timidez

Na tarde cinzenta onde as folhas caiam esgotadas, conseguiam encher a calçada fria, pelo passeio no seguimento até a cidade, o andar inocente caminhava só ainda longe de afeto e paixão, o reflexo nas montras demonstrava o ar cabisbaixo, quando tem um incidente um toque frontal, levantou a cabeça de rompante e deparou-se com a mulher mais linda do seu mundo, o céu abriu e ficou com tons de azul as folhas pararam de cair.

Tento saber...

Tento saber...
 
Se hoje suspiro
deve-se a quantos lírios
meus prantos floriram
confeccionando meus delírios
perdido por ti
e assim ando perdido de martírios
compassivo,sereno rumo a Ocidente
de corpo inteiro
percorrendo o meu eu
já sem ragateio
e nem mais tento saber
fico aqui
qual teu servil forasteiro
absorto nas palavras dum poema somente meu
FC

Despedida

Despedida
 
Às vezes
quando meu triste adeus 
nunca definitivo
nem restrito
alcança o sentido da vida
me refaço heróico
no timbre das novas canções
intempestivas e impregnadas
de poesia
e até refreio 
o refrão daquelas palavras 
escondidas na penumbra 
desta fogueira já sem chamas
mas ainda resistindo 
ateada e melancólica
neste meu poema quase instintivo;

Busca

Continuo a tua busca,

Na certeza de te querer inventar,

Na tua essência que me ofusca,

Apenas assim te posso reencontrar.

Foram as páginas de livros,

Que surgiram diante do espelho,

Que soaram aos meus ouvidos,

Que me mostraram que a ti me assemelho.

Somente te vi uma vez,

O teu olhar cruzou-se com o meu por um fio,

Foi a escolha que a vida fez,

Desapareceste para o vazio.

Luto com todas as minhas forças,

Se é que isso traz algum resultado,

Só peço que me ouças,

Cumplicidades

Cumplicidades
 
Que se direccionem todas as palavras
que não somente aquelas 
ao amor invocadas
ainda que sobrevivam ao passar do tempo
que se protejam nos meus silêncios
que se multipliquem todos os 
dias felizes e sem artifícios
domesticando sem vícios
sinais e ecos
de cumplicidades nunca intimidantes
nem contraditórias
mas que nos restituam
no presente 
uma brevidade nos abraços

Reflexos

Reflexos
 
E afinal 
quem preenche
os meus dias desolados
perpetuados num trago de cortesia 
assolada, esfomeada, 
petrificada e indiferente
enquanto olho além do mar 
e deixo mais que um beijo purificado
sem lamentos resignados
apenas restar todo em ti
abdicando o amor
indistinto, vassalo
embriagado aqui e ali por instintos
desesperados
salpicados desta poesia inexplicada

Compelido

Compelido
 
Sinto-me total, 
absolutamente renascer
de tantas palavras te incutir
despovoar sequioso
este meu caos emocional 
em que me abandono qual arguído
percorrendo todas as metamorfoses 
aprisionadas em mim
ansiando este dom ávido de existir
até o sono chegar e adormecer-me
encantando-te no jardim maravilhado
que repousa compelido em teus braços
perfumado, virtuoso e delicada

Sonho cativo

Sonho Cativo
 
Sem contrapartidas, 
morrendo ali no brejo
erguido na destemida manhã
enterrámos fugazes segredos
dirimímos eternos prazeres
inconsoláveis saudades
junto ao beiral
dos sonhos cativos
contraditórios, sem orientação no tempo
nem calendários por cumprir
apenas extinguindo 
nosso crer à luz mortiça e comedida
dos nossos desejos
plantados e mais arraígados

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