Amor

O monstro dos mil dias de chuva

Eu existo nos espaços vazios e respiro o silêncio, a inquietação.
Estou tão perto de ti como de qualquer um.
Eu não vejo pessoas.
Vejo vultos.
Rochas negras que caminham
E esperam pelo mar que as corroa
Enquanto eu vagueio nos cantos
Brincando com os deuses a rasgar cartas de amor
Que eu não compreendo
Vi a minha mãe no outro dia na multidão.
Estou tão perto dela como de qualquer um.
Talvez já não sinta nada por ela como por ninguém.

Eu estarei lá

Eu vou estar lá
 
Deixa-me ser feliz...assim como sou
tão perto ou longe daqui
ressuscita-me num lugar além-mar
sitiado no culminar dos nossos silêncios
entre esta sede e a calmaria
que nos sustenta
como promessa segura e nunca invejada
pois por muitos luares tristonhos que
o céu te ofereça,
eu estarei lá
raiando como teu sol
todos os dias, nenhum fictício
mas real, urgente

Tão forte

Tão forte
 
Algumas recordações
são como as  pétalas das rosas
que com o tempo 
se desfolham e caiem
inertes no solo, o mesmo solo
onde pisamos cada integridade contida
nos grãos de areia
quantas solidões teremos que sofrer
e depois sair de mãos dadas
com esperança contida na fé
por cumprir,íntegra,sóbria rendida
a tudo o que nos sacia e redime
qual sede de viver e amar
amando

Sopro de vida

Sopro de vida
 
Assim tão de repente
chegou a noite
envolta nos braços
dos teus braços, sem intervalos
nem cedências
ou soluços do teu corpo carente
apenas quis ser só teu exílio
exprimindo todo este olhar reíncidente
num sopro de vida
pelas palavras que nunca direi aqui
pois chegarei ávido a este concílio
onde somente nós e jamais outros
entrarão nesta imensa e casta
coexistência 

Resta

Resta
 
O que nos resta
sobrou na penitência do tempo
vivido,instável,demarcado
sem conivências, nem aparatos
resta, até tão pouco de nós
nas divergências dos minutos
por viver a um segundo por morrer
quando damos até mais corpulência
a este estado de emoções
Resta-nos enfim gratificar-nos
sem interferências magoadas
apenas resguardando toda
nossa inocência
ainda que desmedida

O dom da palavra

Penitência
 
Temos de conversar no silencio
aprimorarmo-nos sem reticências
ouvir suas vozes
e cheios de intento
daremos anuência
às necessidade prementes
de sentirmos todos
a mudança que se deu ao poente
tão indolente
quando calou minha eloquência
e sem proezas
no dom das palavras
porque todas são belas
ímpares, pujantes, latentes
até mesmo quando na despedida

Minha sinfonia

Minha sinfonia
 
E…se algum dia,
por alguém te sentires carente,
mesmo que detida ou irreverente 
com o olhar perdido na imensidão 
de um entardecer deferente
escuta esta bela canção 
tocada na sinfonia d ’um SOL maior, 
então alguém dirá
que és tu LÁ a mais bela estrela poente,
porque meus olhos de SI
ainda se lembram do segredo contigo 
num sustenido beijo sem DÓ 
que tanto de MI se desprende

Poema Amado

Bem estar de alegre conforto cansado…… lembranças ternas …sentires de verdadeiro e musical aconchego protegido…… Silencio de terno ruído sossegado…… Mira vigilante de sonolentas armas bélicas de um perfil apaziguado……vão disparando Calorosas explosões de sorrisos em rosto sem expressão … Perde-se o alvo na rota de colisão em conflito de mil discórdias harmonizado…… Rios de profundas emoções abundantes .....em escassos caudais de delicado poder legitimado e em tronos coroado….. Olhares brilhantes de saudade espremida em suculento paladar esfomeado….

Cordas do coração

Cordas do coração
 
Ficou-se apenas aquele tempo
imenso e manso na doçura dos olhos teus
guardo comigo somente a impressão
formal daquele entusiasmo feroz
quando nos apaixonámos
sem orgulhos feridos
apenas o comprometimento
da nossa alma vaga enamorada
confidente
resistindo aprimorada
aos beijos castos que te dei
FC

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