Só te peço para Ficar
Autor: António Cardoso on Wednesday, 28 May 2014Chegaste sem nada para me dar,
Deste-te a mim e eu, a ti, me dei.
Disseste-me que me podias fazer voar,
Chegaste sem nada para me dar,
Deste-te a mim e eu, a ti, me dei.
Disseste-me que me podias fazer voar,
Bosque
saturado de folhas,
flores, raízes
e muitos sabores.
Tudo isso
vem do veio da terra...
Mas logo
surgem vícios,
loucos hospícios,
amores contidos, perdidos,
por conta de traumas vividos,
sem vislumbrar cura...
Peitos tocados,
seios sugados,
rumo da morte em vida
que invade a vida...
Mundos jogados
nos frios, calores,
festas de selva e pedra,
com todas as dores,
sorrisos e amores...
Tenho que ficar,
não há outro mundo
a se mostrar ...
De olhos fechados
Sinto a tua luz que me ilumina
Que me aquece a alma
E por vezes me desatina
De olhos fechados
Real ou irreal
Vejo o sorriso que sai da tua música
Ouço o som das palavras escritas nos teus olhos
De olhos fechados
Perturbas-me a razão quando tocas na minha alma
Quando pegas na minha mão e me trazes a calma
Apenas de olhos fechados…
"Teus lábios é fruto proibido"
No fogo dos teus lábios nunca se vai quebrar um momento delicioso,
nem toque da campainha nem as palavras nos vai incomodar sequer um pouco,
a chama do teu coração que aquece meu corpo bem junto ao teu,
momentos de sedução numa transparente alma de desejo que ardeu.
Fruto proibido que te atreves a tocar e despertar,
aquela vontade de amar e te deixares levar,
por aquele sonho que te deixa a suspirar sem fôlego,
nesse desassossego da noite num sorriso bem junto ao teu encosto.
A primeira coisa que tenho a esquecer,
É está de vida,
De ter vida com você.
Outra coisa que também tenho pra esquecer,
Nesta coisa de vida, de você ser minha vida,
E sem você não poder viver.
Muita coisas terei a esquecer,
Esquecer que na vida que levo,
Levo a morte da vida que gostaria de ter.
A vida que em minha vida nasceu
Hoje não é mais minha vida,
Por isso em mim a vida morreu.
Enide Santos 19/05/14
O tempo pára
Na ferida que não sara
E ninguém nos leva o chão
O luar não acaba
Vive do nosso grito de ave
Em suspensão
Somos de mãos dadas
E as coisas submersas em nós
Eternas até ao fim
As palavras são fechadas
Em paisagens brancas
E o silêncio morre em nós
“Cavalheiro, nossas diferenças são tantas, você tem tudo, e eu nada tenho. Nós pertencemos a mundos distantes que jamais se unirão”.
Essas palavras penetraram o coração do cavalheiro e o sangraram lentamente enquanto as águas corriam despreocupadas sob a ponte onde estavam.
A moça então virou de costas e começou a andar, deixando o cavaleiro com as lágrimas dele e cultivando a suas próprias. Contudo, pouco antes da moça sair da ponte onde estava, ela sentiu seu pulso ser firmemente agarrado, e então puxado para o outro lado da ponte.
Fizeram-se incertas as dores
e improváveis as angústias,
pois eis que chega com a Lua
o gitano riso de Carmen
enquanto na terra
do fidalgo da Santa Transcendência
revivem nos versos de Lorca
os verdes desejos
da paixão renascida.
Para a Musa
Referências a Carmen de Bizet, Frederico Garcia Lorca e Dom Quixote.
Não deixes, moça da praia,
que a falta da palavra rimada
cale o teu sentir,
pois mais que rima
a poesia é confissão.
Rio de Janeiro, 13 de Maio de 2014.