Desilusão

Melancolia muda

Sons de envolvente melancolia em doces diálogos de claras janelas de vista chuvosa….

.Quietude de brisa húmida e calma de luz espelhada esplendorosa é vista em modo de beleza clássica e singela…..

Move-se numa dança em sombras de suave de elegância….

São mudas as ausentes meiguices tão presentes……

Carinhos de constante pontualidade atrasada correm pairando sobre nuvens de alvo branco carregado….

Tranquilas são agora as mansas tempestades de um surdo trovejar açucarado……

A REVOLTA DE NINGUÉM

 

Hoje não me apetece ser poeta,

Não me apetece escrever palavras bonitas

Bem casadas, pensadas,

Nem me apetece imaginar coisas belas

Nem colorir a vida de pensamentos loucos

Quero apenas ser eu ou melhor ser tu

Que caminhas por aí errante

Sem querer escravizar a esferográfica

De assassinar o papel ou maltratar

Um compêndio ou uma gramática

Não me apetece ler ouvir, olhar o horizonte

Tenho sede e vou apenas beber a uma fonte,

Não procuro a inspiração

Zanguei-me com a imaginação

Abutres da Carcaça!...

São almas desgovernadas e foras de tempo. 
Os abutres da carcaça quase nunca aparecem
Mas ficam com as antenas ligadas em qualquer florescimento!
Como se estivessem em guerra, mas em guerra o tempo inteiro.
(Uma confusão de tudo dentro de uma guerra de si mesmo.)
Abutres da carcaça nunca repartem nada no meio.
E ainda saem entristecidos por qualquer prejuízo.
São mentes malígnas e manipulativas de saboreio!... 
 

Arruinados.

Arruinados com casos e índices...
Planeta em estado de choque!
Momento perigoso pra vida. 
Notícias nas capas de jornais dão ibope... 
Coisas esquecidas no vento. 
Culturas soterradas com o tempo.  
(Fotos e Arte Moderna não são mais
Os futuros ornamentos.) 
Ou tu não lembras mais dela?...
(As pinturas da Tarsila 
Os poemas do Oswald...)
Talvez sejamos burros mesmo.
Ou talvez sejamos loucos! 

O Fumante No Final

O fumante no final da sua trajetória 
Quis fumaçar as forças gastas com a vitória. 
Já não tinha. 
Já não tinha brasa.
Já não tinha asas. 
Quis despedaçar os pedaços untados em vão
Que já não tinha. 
Já não pensava.
Já não sentia...
O fumante, no final da impaciência,
Caiu no isolamento de si mesmo...
Os seus isopores com insulinas 
Viraram isopores com cervejas
E algumas seringas finas. 

Desamor

Quem vai acreditar na nossa mentira
De que valeu a pena, que não há magoa
Que não foi perda e estar de mãos atadas
Pode não ser falta de energia
 
Quem acreditaria
Que não doeu quem segundo soltou o elástico
Descartado como se fosse de plástico
A pedra que já foi safira

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