Sombras no Nevoeiro
Autor: Débora Benvenuti on Wednesday, 27 March 2013
Eu tinha o coração cheio de moscas!
Estava cego...
Tive o medo de quem usa o corpo!
- Viver é ter vertigens...
("Voz de uma mulher desesperada")
Quando me casei, só fui usada...
Como depósito de matéria, não me lembro de nada!
Quando fui amada, não amei....
Quando amei, não fui amada!
Moral da história.
Decepcionada!
O que é ?
Você pensa que é piada?
Não!
É a voz de uma mulher desesperada!
Com cinquenta e cinco anos, e que não se ilude com mais nada!
Será?
Posso estar enganada!
A vida oferece surpresas inesperadas!
Vou esperar mais um pouco...
O nada dentro de mim
Nada mais é do que um
Nada.
Poderia nadar nesse nada sem fim
Mas de nada adiantaria,
Nada.
Nada jamais me satisfaz
Satisfazer o jamais de um nada
Pra nada?
Poderia derramar os meus olhos,
Mas pra quê adentrar nesses jogos?
Que jogados, destroem minha alegria
E amarram-se a mim, poderia?
Sombrio lobo das trevas,
um ser feérico eu sou,
e já vi onde moram
Se não digo, calo!
E alimento a vida dos que nada tem a dizer.
Inércia, anti-desejo, morte.
O dia amanheceu com uma imensa vontade de fazer a barba
e sentir a fria navalha pintar o rubro sangue no rosto.
Pulsa o coração nos pulsos,
explode e grita ao mundo o que quer dizer.
Sem razão para se fazer existir
E deixar o fluxo menstrual
lavar a alma dos hipócritas
e sangrar, sangrar, sangrar
até preencher os vazios.
E o amor?
Talvez esteja incontido na morte.
E.