Geral

Anatomia Poética - O Gozo

És a prova cabal do prazer máximo.

Da alegria intensa que te gera, deixas apenas um torpor

Doce; de explosão, de êxtase!

A satisfação indelével da consumação

Da vida, no poder de gerar outras mais.

 

És tão excelente que tudo o que é bom remete a ti!

Tudo o que é vital te é associado.

A marca do fim da infância, da inocência.

Mas não és aprazível, és asqueroso ao toque!

Culpa tua, por destruir o momento mais essencial de toda existência!

Anatomia Poética - O Sangue

És fascinante, hipnótico!

Tens cheiro de vida

E gosto de morte!

És a cor, o vigor, a excitação

E o desespero da razão pura.

 

Uma simples gota tua me revela por completo;

Tua fuga, minha ruína, minha destruição.

És quase tudo de mim. Sou apenas teu dique;

Onde corres e brincas a teu bel prazer

Fazendo-me ser. E viver.

Anatomia Poética - O Suor

És a prova do trabalho,

A paga do esforço,

A lembrança mais perene dos meus feitos mais efêmeros.

Efeito de minha inquietação,

Talvez, por isso, agoniante?

 

Sim, porque não és agradável!

És irritante, desconfortável… terrível!

Inconveniente, mas favorável!

És a única coisa que me impede de explodir

Sob o incessante calor da vida.

Anatomia Poética - A Lágrima

És indecisa, estranha… um paradoxo!

Doce e salgada;

Alegre e triste;

Incômoda e benvinda.

Mas és confortável, aliviadora.

 

Brotas das rochas mais duras:

A dor, a tristeza, a saudade e a intensa alegria.

E escorres suave, suave…

Um singelo carinho para abrandar

A violência que te provocou.

Anatomia Poética - A Saliva

És o bálsamo do gosto,

Prolongas o sabor do que é bom com tua memória

E te apressas a eliminar o que é ruim.

E que prazer imensurável quando encontras com outra tua irmã!

Quantas sensações residem em tão breve encontro!

 

És ansiosa, às vezes!

Quantas vezes não foges para procurar o teu prazer,

Antevendo o encontro com teu agrado!

Fazes mal! Deixadas por ti só,

Tornas-te vil, desprezável e perdes o encanto.

Apatia

Apatia

 

Preferes viver só, distante...

Mudo, num silêncio profundo!

Junta-te a mim, um só instante...

Abriga-te na tinta dos meus versos

Entre as palavras ternas que te escrevo.

Que a solidão não te devore.

Sê firme, sê forte!

Afasta de ti essa névoa…

Olha o mundo, vê algo bom...

A natureza e o seu som

As tuas mãos

As tuas mãos

 

São mãos que me afagam...

Que concretizam sentimentos.

São mãos que me acariciam...

Mãos que me amparam

Em horas incertas.

As tuas mãos

São mãos que realizam sonhos

Sonhos mais íntimos.

Nas tuas mãos

Está o silêncio do teu olhar.

As tuas nãos

São como canções

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