Geral

o castelo

Meia-noite, lá fora, sob um céu púrpura, o mocho pia à lua cheia. No castelo, uma porta de pinho, cujo verniz pereceu ao avançar das eras, range como quem chora por uma juventude consumida, e uma voz cavernosa diz:
 

Algoritmo Incompleto

Algoritmo Incompleto

- :início
Se sair na noite para encontrar (variável = A)
.....Procuro encontrar em (variável = B)
Se não encontrar
.....Ligar para (variável = C)
Se encontrar
.....Vou (variável = Y)
Se não
.....Voltar para (variável = X)
- :Fim

variáveis
A = moça bonita
B = bares
C = telefone
Y = correndo
X = :início

felicidade

Sinto-me leve, livre
como um pássaro que voa
em busca da liberdade...
não sou de ninguém
não tenho lugar de origem,
de partida ou de chegada.
Sei que sou livre, livre...
como uma borboleta
que poisa de flor em flor
em busca do pólen
que lhe dá vida e força.
Sou eu, e ninguém mais para além de mim;
sou eu, com defeitos e virtudes;
vivo e deixo viver,
para amar e ser amado.

epidemia

Vivo num castelo
último andar de uma torre
janela
homens armados com bíblias
praguejam
e tentam alcançar a cidadela
doença
fome
epidemia
bandeiras ensanguentadas
hasteadas do portão principal
têm içadas o perdão
de facto é uma loucura
está tudo bem
até agora.
No alto das colinas
crianças
estão apenas a uma bala de distância
sem abrigo

meditei

Ontem, também eu, sentado num penhasco perto das águas do oceano, murmurava palavras de tristeza.
E meditei...
Que talvez um dia bem inesperado, encontre o rumo da minha vida, tal como a flor que nasce nos primeiros dias de primavera...e assim adormeci à beira-mar vendo o pôr do sol, e sonhando que um dia serei feliz.
 

Heroico

Heroico

                    I

Andar na rua, no vento

Sustentar o sorriso é vida,

No heroico viver há solidão

Da vida e da canção...

Sem rimas vou poetar a vida,

Sem métrica, somente há palavras...

Recordarei meu início nesse verso,

Para atinar meu fim no papel,

Começarei no final, sim no final!

Para então fenecer no começo...

                    II

Não mo importa a dor,

Simplesmente ela é sentido!

E o sentido nada mais é...

Inexpugnável! Portanto nulo!

A Pegada

A Pegada

Todo mundo sabe beijar, cheirar
Todo mundo sabe falar besteirinhas no ouvido
Todo mundo sabe subir e descer no ato
Todo mundo sabe sincronizar aquele entrar e sair
Todo mundo sabe usar o tato e/ou a língua
Mas aquela pegada, nem todo mundo

 

Olhares - ( Para Amy Lee )

Olhares - ( Para Amy Lee )

 

Olhar metódico, impetuoso, olhar atrevido
A quantos olhares conseguimos resistir?
Certos olhares gelam as mãos, mas acende algo
O olhar de quem copia fotografando instantes

O olhar reprime, disfarça, ou convida
Dicionários inteiros cabem no olhar
Mas, para olhos que sabem ler
Olhares

Charles Silva

 

Anatomia Poética - A Língua

Sabedora dos sabores,

Das delícias descobridora.

Tua realidade são os prazeres

Que te fazem tão querida, tão vaidosa

Tão perigosa…

 

Todos temos medo de ti!

Tua perfídia, tua tendência à traição

Às vezes nos coloca em grandes apuros.

Mas, ai de nós sem ti!

Tempero para o gosto ideal da vida.

Anatomia Poética - A Boca

Pequena, para que teu valor seja imenso;

Simples, como tudo o que é excelente.

Esplêndida sabedora das delícias da vida.

És a única capaz de expressar a alegria

E a minha sabedoria escorre por ti.

 

 

És uma porta que não pode ser trancada,

Que não sabe ficar fechada,

Que não gosta de ficar parada.

Para alimentar, para beijar, para falar foste inventada

Com um cuidado tão especial que, além de tudo, te faz ser linda!

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