Geral

Aleteia

Vã verdade apetece-me,
palpita com sede o vinho,
deságua a mentira inebrie
com a doçura do amor tinto.
Procuro-te com a polidez,
a retumbância de um diamante
escondida dos olhos e da surdez,
ouço-te na penumbra sensatez.
Sem vos nada queremos.
Se morta estiveres, findaremos.

Trovas

Os meus braços balançam
para uma dança sem fim,
o bailares se fincam
nas entranhas do marfim.

*
 
Ensinaram que o poeta
é pra lá de diferente,
é um inútil asceta
que pensa ser indulgente.

*

Sequer os vemos agora

A poesia não liberta

Poesia é sobre o leitor,
leitor este que determina,
não só sobre o fulgor,
mas a luz que luzia a vida.

Escrever é se condenar:
algemas afirmam o verso,
estamos presos em um luar
que se míngua em um terço.

Rezaremos então ao sol,
o que se cultiva escriba,
culmina força no farol,
irradia força que fortifica.

 

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