ISENÇÃO
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Tuesday, 23 August 2022
no solo
soterra-se toda
edificação
na orla do mar
só há erosão
no ar paira apenas
a vocação do voo
-por que tem que ser assim
se se requer somente isenção?
no solo
soterra-se toda
edificação
na orla do mar
só há erosão
no ar paira apenas
a vocação do voo
-por que tem que ser assim
se se requer somente isenção?
Um minuto sem escrever
É como um sono perene,
Pesadelo em que morrer
É estar sob o verso solene,
Os filósofos acordaram
E abriram a única fenda,
Iluminando e mataram
O sacrifício da oferenda.
Ritos para Deus,
No qual se glorifica
O último sagrado adeus,
Despedindo-se da poesia.
Criador das circunstâncias
Estarei aqui quando partir.
Para criar novas mazelas,
Gozarão da vida e sumir.
É uma pena que seja assim,
Eu te amo, mas a morte, não.
Criar é matar, existir implica sorrir,
Porém, o brilho do afago apaga.
A quem escrevo está presente
Permanente na torrente:
Na cachoeira é existente.
A pedra no caminho é o acaso
E o estrondo no solo: o tempo
A nadar no naufrágio da morte.
Ardendo sem se ver,
O fogo então apagado,
Putrefação não vai ter,
Nem será queimado.
O caixão é invisível,
O defunto, é o pó,
Voando e destemível,
Sozinho, sozinho, só.
Eterno éter a vagar
Numa noite fúnebre.
Fantasma a malograr
O terreno insalubre.
Se o amor é fogo
E arde sem se ver,
Morre lá no lodo
Chafurda sem se ter.
1.
para que instaurar
atos forjados
entre paredes mortas?
2.
para que postergar
urgências preditas
do éden secular?
3.
para que apagar
miragens provisórias
com blindadas auroras?
4.
para que expurgar
soluções evidentes
se seu viço é de glória?
5.
para que vergar
a pane das rochas
sobre a ruína do pó?
6.
para que refratar
o punho erguido
se seu gemido é de cólera?
As balas, no fim, berrarão.
Vociferará o vinho do corpo,
E o asfalto cansado, apreciará.
No fim, o ferro mais resistente
Perfurará o ferro de dentro:
O essencial vermelho sangue
A nadar nas delícias da morte.
Os apitos irritantes chegam,
Dado o presságio do corpo:
Uma festa; levam o cadáver
Para um local melhor.
Sem dor, medo ou injustiça.
O brinquedo do homem
Dispara ódio e preconceito.
Até quando? Até quando