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VIRTUDES

VIRTUDES

Eu tenho poucos medos
E os segredos suficientes
Alguns desejos ardentes
E muitos enganos ledos

Não tenho queixas, eu as invento
Não temo a solidão, só me defendo
No espelho da ilusão me pego vendo
Todas as razões para o acalento

Eu tenho tolos e belos erros
E os silêncios gritados
Alguns prazeres citados
Nos insaciáveis versos que escrevo

TEMPO, FLORES E ABRAÇOS

 

Eu vejo o horizonte escurecer e o chão sumir

Em pó o sonho ao vento se espalha

Uma dor estranha no peito que já falha

Incandesce esse cruel punhal a me ferir

 

Basta um olhar assim sem freio

Feito de desejo, admiração e verso

Que encharcado de desilusão confesso

É loucura acreditar que de tanto te amar, me odeio

 

Vejo ser ilusão minha armadura

Minha fortaleza é sombra e solidão

Se nela pensava refugiar-me da emoção

Aprisiono-me ao céu da tua loucura

 

MEUS DONS

Tenho a alma repleta de sonhos
Tenho os olhos cheios de mar
Vivo como um encantado a voar
Sobre os silêncios de olhares castanhos

Tenho um canto desafiador
Um incansável viajar secreto
Um impossível desejo modesto
De ser causa e efeito no amor

Tenho o caminhar deserto
Entre espinhos, traumas e flores
Entre carinhos, dogmas e dores
Um caminho de infinito coberto

RENASCIDO DAS CINZAS

Contos os dias que passei
Afogado em sofrimento
Minha dor, esse tormento
De forma subtil superei

Escondido na solidão
Chorei,
Lágrimas derramaram sobre mim
Pensei na morte
Vi-me dentro do caixão
Perdi tudo, pensei no meu fim
Agora,
Que minha dor saciaste
Rejúbilo de alegria
Não me sinto mais um traste
Vivo, sinto e vejo a luz do dia

De Branco Pintadas as Paredes São

De branco pintadas as paredes são.
Monotonamente.
Mente monótona esta minha mente.

O relógio devora as horas
que passam quadradas pelo futuro.
E, branco, ladro e mio
e vida e morte invadem
o meu pensamento catarino.

Vi uma catedral sem cúpula sobre a sua nave
pintada na retina do meu olhar ciclópico,
à sombra do sol de meio-dia que tranluz
o som metálico do tempo parado.

PALAVRAS

Com as letras do abecedário
Construímos palavras sentidas,
Formamos frases e textos,
Que por outros vão ser lidas.
 
Podem ser doces e apaixonadas,
Podem ser rudes e agressivas,
Podem ser curtas e tristes,
Podem ser longas e divertidas.
 
Circulam em cartas e livros,
Gravam-se nas vidas no tempo,
Contam histórias, narram factos,
São os olhos dum mundo atento.
 

Palavras que se me emperram.

‘Palavras que se me emperram’

Eu queria em mim sorver,
no rumor dos meus silêncios
no fio manso da corrente...
_A leveza de escrever.

Dedilhar os sentimentos
que me enchem os instantes
e me escorrem alma adentro
frementes de inquietação.

Consagrando de prazer
os momentos delirantes
a transbordar de emoção
que vão no meu pensamento.

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