A espantosa realidade das cousas
Autor: Alberto Caeiro on Sunday, 24 March 2013
A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
QUE TE VÊ
E HOJE
SABE DE SI.
TODOS
OS DIAS
A ESPERA
É LONGA
MAS AINDA
FALTO EU
TAMBÉM.
Esse negro corcél cujas passadas Escuto em sonhos, quando a sombra desce, E, passando a galope, me apparece Da noite nas fantasticas estradas, Donde vem elle? Que regiões sagradas E terriveis cruzou, que assim parece Tenebroso e sublime, e lhe estremece Não sei que horror nas crinas agitadas? Um cavalleiro de expressão potente, Formidavel, mas placido no porte, Vestido de armadura reluzente, Cavalga a féra extranha sem temor. E o corcél negro diz: «Eu sou a Morte!» Responde o cavalleiro: «Eu sou o Amor!»