Vai alta no céu a lua da Primavera
Autor: Alberto Caeiro on Sunday, 10 February 2013
Escrito em 6-7-1914.
Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.
Escrito em 6-7-1914.
Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.
Não sou Patativa
Nem sou do Assaré
Não conheço Olávio Bilác
Também não me chamo Zé
Da poesia sou um aprendiz
Só conheço um machado
Que não é o de Assiz
Já uovi falar de Cassimiro
Aquele de Abreu
E juro que muito admiro
Um dos poemas seu
O que fala da aurora de sua vida
Que sempre me faz recordar
Da minha infãncia querida
Estão todas as verdades
UM ESCRITOR
É ALGO
QUE ESTUDO
MAS NÃO QUERO.
...
Errata
Ele não descansou
No sétimo dia.
Não sem antes
Terminar "Tabacaria".
...
...
Peleja
A precisão de cada palavra
Serão golpes profundos de estilete
Nessa carnificina solitária
Que o leitor beba deste sangue,
Minha poesia lavada nesse olhar.
Quero ser assim, maníaco
E sem graça para o vulgar.
...
Escrito em 7-5-1914
Um renque de árvores lá longe, lá para a encosta.
Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.
Esta é a forma fêmea:
dos pés à cabeça dela exala um halo divino,
ela atrai com ardente
e irrecusável poder de atração,
eu me sinto sugado pelo seu respirar
como se eu não fosse mais
que um indefeso vapor
e, a não ser ela e eu, tudo se põe de lado
— artes, letras, tempos, religiões,
o que na terra é sólido e visível,
e o que do céu se esperava
e do inferno se temia,
tudo termina:
estranhos filamentos e renovos
incontroláveis vêm à tona dela,
e a acção correspondente