GRAFITTE
Autor: Douglas Fagunde... on Friday, 25 January 2013Grafitte
A minha obra
Não é minha obra-prima.
A minha obra
É minha obra-filha
Sangue do meu grafite.
Douglas Fagundes Murta
Grafitte
A minha obra
Não é minha obra-prima.
A minha obra
É minha obra-filha
Sangue do meu grafite.
Douglas Fagundes Murta
Cidade triste entre as tristes,
Oh Baltimore!
Mal eu diria que na terra existes
Cidade dos Poetas e dos Tristes,
Com teus sinos clamando «Never-more.»
Os comboios relampagos voando,
Pela cidade de Baltimore,
Levam uns sinos que de quando em quando
Ferem os ares, o coração magoando
E os sinos clamam «Never-more, never-more».
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Baltimore, 1897.
Surgite mortui.
(Apocalypso)
Invideo quia requiescunt.
(Palavras de Luthero no cemiterio de Wormo)
Mortos! eu vos invejo!--As frias lagens
Cobrem-vos, hoje, os corações desfeitos!...
As brancas pombas vôam n'esses leitos...
E as meigas aves gemem nas folhagens!
A Natureza enflora os vis defeitos...
Ri nas estatuas, urnas, nas imagens!..
E, ahi emfim, contentes, satisfeitos,
Vós descansais das lugubres viagens!...
Sem encontrar-se.
Chegas sem aviso,
vens por onde já não te espero,
vestido de um tempo que a saudade matou...
desventras-me as emoções,
e eu em promessas e fascínios me doo,
flutuas sobre os véus da minha alma,
e sem que te peça
dás-me de provar o teu veneno,
que me mata pouco a pouco
de tanto querer viver-te...
algemo-me a ti no abismo dos abraços,
na tormenta dos beijos,
no quebranto do olhar...
tu conheces-me mas eu de ti nada sei,
sinto-te apenas...
A Pedro Jacome Corrêa
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
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Porque é que te odeiam os homens se os levas
A um mundo melhor?
Ó velha hospedeira da aldeia do nada,
Tenho as malas promptas, vou breve partir.
Prepara-me um quarto na tua pousada
Que tenha a janella para o sul voltada
E fontes á roda para eu dormir...
Podesse eu junto a mim--eternamente!--
Sentir roçar, meu bem! o teu vestido
E ó ventura! o teu bafo enfebrecido,
Teu doce olhar e o teu sorrir doente!
Caia do monte o cedro! a grande molle!
Que feneça a _herva prata_ lá no val--
Que me importa!--e qual é meu grande mal
Que morra o cedro, e a planta s'estiole!...
Mas tu, meu bem! mais bella que a _herva prata_
Banhada pelo orvalho transparente...
Não quero que te vás de mim, ingrata,
--Nem teu olhar, nem teu sorrir doente!