Geral

Atirei as palavras fora...

Hoje não me peçam palavras,
porque não as tenho...
lancei-as para longe, para fora de mim...
não resta nada,
nem uma se quer para lembrar
ou simplesmente esquecer...
Hoje sou pele, apenas e só pele...
por entre a qual os sentidos rodopiam,
chegando mesmo a confundirem-se...
Hoje só a alma vê, só ela sente,
só ela me arremessa os cheiros
e os sabores do mundo,s
só a ela eu permito estar perto...
Perto mas em silêncio,
porque hoje dei descanso às palavras...

Sensações de Baltimore (INCOMPLETA)

    Cidade triste entre as tristes,
         Oh Baltimore!
    Mal eu diria que na terra existes
    Cidade dos Poetas e dos Tristes,
    Com teus sinos clamando «Never-more.»

    Os comboios relampagos voando,
    Pela cidade de Baltimore,
    Levam uns sinos que de quando em quando
    Ferem os ares, o coração magoando
    E os sinos clamam «Never-more, never-more».
    ...........................................

Baltimore, 1897.

*N'UM CEMITERIO*

Surgite mortui.
     (Apocalypso)

     Invideo quia requiescunt.
     (Palavras de Luthero no cemiterio de Wormo)

Mortos! eu vos invejo!--As frias lagens
Cobrem-vos, hoje, os corações desfeitos!...
As brancas pombas vôam n'esses leitos...
E as meigas aves gemem nas folhagens!

A Natureza enflora os vis defeitos...
Ri nas estatuas, urnas, nas imagens!..
E, ahi emfim, contentes, satisfeitos,
Vós descansais das lugubres viagens!...

Quando o amor acontece...

 

Chegas sem aviso,

vens por onde já não te espero,
vestido de um tempo que a saudade matou...

desventras-me as emoções,
e eu em promessas e fascínios me doo,
flutuas sobre os véus da minha alma,
e sem que te peça
dás-me de provar o teu veneno,
que me mata pouco a pouco
de tanto querer viver-te...

algemo-me a ti no abismo dos abraços,
na tormenta dos beijos,
no quebranto do olhar...

tu conheces-me mas eu de ti nada sei,
sinto-te apenas...

A Ceifeira (INCOMPLETA)

............................................
    Porque é que te odeiam os homens se os levas
                 A um mundo melhor?
    Ó velha hospedeira da aldeia do nada,
    Tenho as malas promptas, vou breve partir.
    Prepara-me um quarto na tua pousada
    Que tenha a janella para o sul voltada
    E fontes á roda para eu dormir...

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