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*A UM CORPO PERFEITO*

Nenhum corpo mais lacteo e sem defeito
Mais roseo, esculptural e femenino,
Pode igualar-se ao seu, branco e divino
Immovel, nù, sobre o comprido leito!--

Nada te eguala! O ferro do assassino
Podia, hoje, matal-a, que o meu peito
Seria o esquife embalsamado e fino
D'aquelle corpo sem rival, perfeito.

Por isso é muito altiva e apetecida;--
E o goso sensual de a vêr vencida
Ha de ser forte, extranho e singular...

Ha vinte annos já, que andas na Terra

    Ha vinte annos já, que andas na Terra,
    Ha vinte dias só, que te conheço!
    Eu andava perdido pela serra,
    E o que eu era então, já não pareço.

    Ha vinte dias só que te conheço,
    Ó meu beijo de Luz! minha Chymera!
    És a Graça de Deus (com qu'estremeço)
    Talvez, o que no mundo, inda me espera.

    Sonho da minh'alma! Ó meu ceu d'estio!
    Pois não tens piedade d'este frio
    Que sinto em mim, na minha solidão!

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