Geral

Quero ser o verso renegado

Quero ser o poeta forte
da contracapa mais bela,
ser o verso que contorce
a pureza mais singela.

Ser a lágrima que desce
em um grito de agonia,
uma dor vinda da peste,
maltratando quem me lia.

Um retrato sem o lucro,
poesia sem o agrado,
laranjeira sem o fruto,
e meu pensar malogrado.

Desafio

Temos agora um novo desafio,
será mais difícil do que já é.
Estou certo nas minhas convicções,
mas também tão perdido.
A aurora da minha vida é agora,
levanto dos ossos destroçados
para enfim viver com mais fé.
Estava morto e inerte na cova,
confortavelmente triste e só,
agora arrepiado na vivaz
aurora da minha história.

A doença da moral

Nem com um milhão de ensinamentos
pode-se morrer ligeiramente virtuoso.
A virtude sofre das mazelas do mundo,
decai sobre todas às almas pecadoras,
se corrói nas entranhas da matéria;
Como um parasita, suga o espírito.
A virtude enferma o homem doente,
o enfraquece com um suposto ideal.
Diria que a virtude é a doença sem
prognóstico, mas até estimulada
pela medicina: nossos valores morais.

A internet matou a arte

A internet assassinou a arte,
deixou em seu caixão o resto,
largou suas flores do fim
no funeral da criatividade.

A internet negando o ócio,
promove o neoliberalismo,
estamos sumindo como pó,
e a revolta se tornando pop.

Tudo é toda uma mesmice,
não tem algo surpreendente,
velamos um passado familiar,
num eterno retro futurístico.

Minha missão

Chacoalhar como um pandeiro,
estremecer como um bumbo
e dançar na loucura da vida:
minha missão nesse mundo.

Quero fazer do melancólico
uma piada de mal gosto,
quero ser um palhaço louco
rindo do ingênuo bucólico.

A vida é sobre o intérprete,
um filme sem roteiro,
talvez sem todos os atores,
uns rasgam, outros, vespeiro.

Quem dera se eu fosse uma estrela

Tento controlar a minha raiva,
por vezes consigo despistá-la,
agoniante serão meus dias
se no desespero eu pirar;
se eu perder o controle sobre
mim, nada terei para aguentar.
Medito vendo estrelas do céu,
gostaria de ser uma estrela,
ver a humanidade do alto,
não ter motivações ou raiva,
quero ser apenas um brilho.
Vejo a cólera como um salto,
um pulo tênue entre razão
e emoção, é um espaço tão 

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