Fervilhante Ira
Autor: Joana Trindade ... on Thursday, 19 October 2017
De alma violentada
o coração crepita em desalento.
o sangue bombeado torna
o que foi verde em tormento.
De alma violentada
o coração crepita em desalento.
o sangue bombeado torna
o que foi verde em tormento.
Liberdade de ir a rua,
Se não tenho nada,
Nem a vontade de ter.
A alma torna-se pesada,
Torturada por viver.
Se vocês têm tudo,
Com uma vontade que me ultrapassa.
Fiquem com o Mundo,
Que eu fico aqui por casa.
Provavelmente se formos a comparar,
O que eu faço e o que eles fazem.
Certamente iriam-me julgar,
Erradamente interpretar,
Sem perceber a mensagem.
Tento ser sincero,
Por vezes consigo.
Não digo tudo o que quero,
Mas penso tudo o que digo.
Ah o vício!...
Essa maldita prisão sem grades!
O vício é o primeiro fruto a amadurecer.
Viciante busca pela perfeição.
Perfeitas só as memórias que já partiram, e que ao ir, se tornaram.
A existência resume-se a um conjunto de sombras
abstratas que se cruzam sem se cumprimentar.
Hoje em dia tudo é rápido, quase instantâneo.
Inventamos uma VELOCIDADE atroz que,
em vez de facilitar a aproximação,
nos afasta dos outros e de nós.
Tudo se realiza na base dum CLIC
Ou dum simples SMS
Que nos faz viver sem nada guardar
E o que não se guarda obviamente se esquece.
Hoje o tempo não nos chega.
Tudo acaba depressa porque toda a gente tem pressa.
Acontece-nos de pensar no depois
O copo que eu enchi
Pareceu-me o copo meio vazio!
Certo é que não transborda.
Que estranha sensação!
Um pouco como essa nova moda;
Curta demais pra ser calça,
Longa demais pra ser calção.
Subitamente, vejo o mundo
Desmoronando,
Feito a velha aroeira,
Que aguarda o alvorecer.
O mundo gira, revira
O entusiasta olha, aplaude
Sucumbe às palavras
E, o mundo gira
As ideias falsas,
Não passam de ideias
As ideologias, por mais que ideais,
São só ideologias
E, o mundo gira, pulsa, repulsa
Existem conceitos, que caem por água
Existem águas, que caem
Por conceitos, preceitos
E o mundo gira, a água corre, e se esconde
Quando a onda vinha
E o mar se afundava....
Eu nao tinha noçâo
Da razâo
Que me inspirava.