Intervenção

DEMAGOGIA

DEMAGOGIA

Neste mundo de caos, de que vale rezar, pedir, implorar
Se as mentes são duras e os corações empedernidos
Destes líderes sem sentimentos, precoces no enganar.
Tudo promete. Sórdidos, sem ideias mas convencidos.
Promessas, feitas de palavras de fé e esperança
Proferidas num querer que nos toma e arrebata
Amenizam a tempestade, prevalecendo a bonança
Onde vegetando se vive, num sofrimento que se arrasta.

Nesta comédia há cenas para todos os gostos

Nesta comédia há cenas para todos os gostos

e muitos desses opressores rostos

deviam ser tratados a chicote

Querem o mote?

 

Já viram uma pessoa comer de um caixote?

Ter um caixote do lixo a servir de bufete?

Eu já vi um ministro a gastar milhões num banquete!

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Já viram uma pessoa não ter casa para viver?

Ter apenas a rua, uma caixa de papelão e um tapete?

Eu já vi um presidente a viver sozinho num palacete!

 

Já viram uma pessoa não ter roupas para vestir?

Porquê?

Há alturas em que nos questionamos o porquê de tudo e mais alguma coisa, ao que por vezes não obtemos qualquer resposta. Choramos sem entender bem a razão e rimos até chorar. Ficamos no centro do mundo como se nem ali estivéssemos, apenas como observadores.

Passam e de alto a baixo encaram-nos olhares curiosos, tropeçando na nossa humilde transparência. Alguém pede desculpa, outros reclamam a nossa existência. Eu pertinente sobreponho-me e pergunto também:

A pobreza de um ser

Ser pobre não é ser inferior
É apenas viver em contínuo terror
É temer com aflição o negro dia
Em que morre todo o esforço feito no dia-a-dia

É desalentadamente implorar alimento
Sabendo bem o que é o desalento
De não ter um futuro crivado de paz
De nem a família ajudar de forma capaz

Nasceu pobre mas ainda assim honesto
Apesar do rigor da vida, é ainda assim modesto
Tal como modesto é o seu simples protesto

Liberdade

Só morta me calarão

Nas ruas erguerei os punhos

Na liberdade que me querem roubar

Vou juntar-me aos famintos

Aqueles a quem é roubada a dignidade

“Paz, pão, trabalho, habitação”…

De novo o refrão que me levará à rua

Seja ela de dor ou amargura

Que me algemem

Que me amordacem

O grito continuará a ecoar

Como farpa perdida na noite

Serei de novo a canção

Serei de novo a espada

Ou apenas a pedra

Mas escrava, não!

Pausada a democracia

Continuo a gritar Liberdade

Carioca é Crônico

Vamos trocar apontamentos sobre o outro lado do mar?

Vamos.

O Brasil não é um país. São vários.

O Rio de Janeiro não é uma cidade, é um jovem século de pedra imposto à natureza. Uma tentativa de civilização.

Foi o português que se apaixonou pelo por este País, que o libertou do jugo colonizador que ele próprio representava. Ou seja, um português expulsou os seus próprios conterrâneos exploradores do Brasil. Quem acha que ele foi um traidor ponha o dedo no ar e saia da sala sem fazer barulho.

Pessegueiro

Nunca pude esquecer o gosto e o desgosto
de afagar as rugas e as cicatrizes
que o tempo e a maldade riscavam em teu caule.
O gosto de sentir o resto de tua seiva insistente
e o frescor da sombra que tanto bebi.
O gosto de ver em tuas flores,
as primeiras poesias que vivi.
O gosto de te saber casa e abrigo
do colibri que nos frequentava
e do gnomo que nos assombrava.
Mas depois, a vida levou as folhas e as almas.
As crianças cresceram, os amores se foram
e os caminhos foram todos andados.

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