Melhor
Autor: Kira on Sunday, 1 December 2013Em assobio baixo,
grito fraco não encaixo.
E aí é querer ser por defeito o melhor.
Em assobio baixo,
grito fraco não encaixo.
E aí é querer ser por defeito o melhor.
DEMAGOGIA
Neste mundo de caos, de que vale rezar, pedir, implorar
Se as mentes são duras e os corações empedernidos
Destes líderes sem sentimentos, precoces no enganar.
Tudo promete. Sórdidos, sem ideias mas convencidos.
Promessas, feitas de palavras de fé e esperança
Proferidas num querer que nos toma e arrebata
Amenizam a tempestade, prevalecendo a bonança
Onde vegetando se vive, num sofrimento que se arrasta.
Nesta comédia há cenas para todos os gostos
e muitos desses opressores rostos
deviam ser tratados a chicote
Querem o mote?
Já viram uma pessoa comer de um caixote?
Ter um caixote do lixo a servir de bufete?
Eu já vi um ministro a gastar milhões num banquete!
ç
Já viram uma pessoa não ter casa para viver?
Ter apenas a rua, uma caixa de papelão e um tapete?
Eu já vi um presidente a viver sozinho num palacete!
Já viram uma pessoa não ter roupas para vestir?
Há alturas em que nos questionamos o porquê de tudo e mais alguma coisa, ao que por vezes não obtemos qualquer resposta. Choramos sem entender bem a razão e rimos até chorar. Ficamos no centro do mundo como se nem ali estivéssemos, apenas como observadores.
Passam e de alto a baixo encaram-nos olhares curiosos, tropeçando na nossa humilde transparência. Alguém pede desculpa, outros reclamam a nossa existência. Eu pertinente sobreponho-me e pergunto também:
Ser pobre não é ser inferior
É apenas viver em contínuo terror
É temer com aflição o negro dia
Em que morre todo o esforço feito no dia-a-dia
É desalentadamente implorar alimento
Sabendo bem o que é o desalento
De não ter um futuro crivado de paz
De nem a família ajudar de forma capaz
Nasceu pobre mas ainda assim honesto
Apesar do rigor da vida, é ainda assim modesto
Tal como modesto é o seu simples protesto
Só morta me calarão
Nas ruas erguerei os punhos
Na liberdade que me querem roubar
Vou juntar-me aos famintos
Aqueles a quem é roubada a dignidade
“Paz, pão, trabalho, habitação”…
De novo o refrão que me levará à rua
Seja ela de dor ou amargura
Que me algemem
Que me amordacem
O grito continuará a ecoar
Como farpa perdida na noite
Serei de novo a canção
Serei de novo a espada
Ou apenas a pedra
Mas escrava, não!
Pausada a democracia
Continuo a gritar Liberdade
Vamos trocar apontamentos sobre o outro lado do mar?
Vamos.
O Brasil não é um país. São vários.
O Rio de Janeiro não é uma cidade, é um jovem século de pedra imposto à natureza. Uma tentativa de civilização.
Foi o português que se apaixonou pelo por este País, que o libertou do jugo colonizador que ele próprio representava. Ou seja, um português expulsou os seus próprios conterrâneos exploradores do Brasil. Quem acha que ele foi um traidor ponha o dedo no ar e saia da sala sem fazer barulho.
Nunca pude esquecer o gosto e o desgosto
de afagar as rugas e as cicatrizes
que o tempo e a maldade riscavam em teu caule.
O gosto de sentir o resto de tua seiva insistente
e o frescor da sombra que tanto bebi.
O gosto de ver em tuas flores,
as primeiras poesias que vivi.
O gosto de te saber casa e abrigo
do colibri que nos frequentava
e do gnomo que nos assombrava.
Mas depois, a vida levou as folhas e as almas.
As crianças cresceram, os amores se foram
e os caminhos foram todos andados.