Meditação

Somente questão

Haverá algo mais verdadeiro do que ser pessoa entre a multidão?

Não sei quem o disse

Ou talvez saiba mas não me lembro quem!

Apenas acredito

Que ser-se pessoa na multidão

Poderá ser apenas um devaneio do nosso coração,

Ou talvez um arquétipo da nossa imaginação

Ou então uma imagem perdida na nossa lembrança

De sonhos tresloucados

Do tempo infinito do nosso ser.

Perdido na multidão deixaste de ser pessoa

Serás apenas ilusão,

Ou invocação do meu coração

A alma do meu personagem

às vezes fingia

saía de mim e retornava ao fim do dia,

morria o poeta ...

e salpicavam em mim noites intermináveis

de sabores amargos e funestos,

outrora sentidos e emaranhados no meu ser

mas agora apenas vividos

por não saber afugentá-los,

vencendo apenas a angústia mortal da realidade presente,

cuspindo os anseios do meu coração

e erguendo a voz abafada do meu corpo,

fingia ...

procurando constantemente pela minha alma latente,

sangrando e inundando o sol de breu,

Terra Fértil

Terra fértil

Aonde colhe tudo que se planta

Nessa terra existe a esperança

Para aquele que é semeador

A vida inteira por essa terra eu procurei

Pelas estradas muitas lagrimas derramei

Mas este dia para mim chegou

 

Terra fértil, Terra fértil.

Abençoada pelo meu Senhor

Aonde pouco semeei e muito colhi

Nessa terra hoje eu sou feliz

Todas as manhãs eu olho para o infinito

E de joelho agradeço ao criador

Que me trouxe para essa terra

E a minha vida mudou

Somente devaneio

Encanto, sofregamente encanto

Silêncio transbordante e soprado na chama incandescente

Incessantemente aquele sentimento de amargura imunda

E somente ansiando pelo silêncio do teu olhar

Breve nuvem ensombrando o meu caminho

Átomos exteriorizando uma dança de pesar

Deambulando insano coração nas partidas palavras

Que palpitam no crepitar de uma canção

Silêncio infinito,

Eternamente em mim soçobrando

Breve esgar de remorso

Por um caminho tortuoso e delirante

Procurando-me

Procuro-me e não me encontro

Por íngremes veredas e estonteantes alamedas

Cruzo o sombrio bater da alma humana

Encontro penumbras que de vida fervilham,

Agrestes ondulações transbordam o oceano

Um agre sabor pincela o meu corpo

Que paira na longínqua estrada

Que por entre os meus dedos escorre

Vida esta estranha e solitária

Que percorre todo o meu ser

E me encontra num pensamento fugaz e etéreo

Que levemente sobrevoa o imenso céu

Que adorna o meu sonho

Tempo sentido

Apenas tempo fugazmente correndo

 

Num momento sem tempo da morada da minha alma

 

Neste tempo sem sentir

 

Sente o momento que percorro levemente

E sem sentido e apenas sentindo

Me encontro neste etéreo tempo

Tão infindo por percorrer,

Apenas sentindo ter alma de poeta

Me encontro e revejo no teu olhar

Estonteantes sentidos percorrendo-me

E sempre buscando em encontrar-me

Caminhos percorridos

Por entre agrestes pedras e dourados sóis

O meu rosto com traços de melancolia desenhado

No exuberante voo das andorinhas que anseio reviver,

Brota em mim uma ancestral vontade

De à terra regressar e com ela me envolver,

Fadas e elfos em mim suavemente pousaram

E mil demónios em turbilhão me perderam

E no infinito horizonte que o meu olhar abraça,

Revejo toda a eternidade que não encontro

No caminho que percorro e que em mim palpita

Ofuscando as minhas vísceras de cor de esperança

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