o edifício que eu construí presenteia a minha vida com um final jubiloso; com uma resposta convincente à abrangência dos artifícios mundanos; com um desiderato que revolve os contextos nocivos nocivos que me privaram do juízo.
rejeito pertencer ao grupo daqueles que elogiam a intrepidez dos guerreiros antigos; dos energúmenos que forjaram celeumas para dilatarem os seus impérios; dos criminosos adestrados que escavaram a ferocidade.
a banal convivência tem laivos de grandeza nas suas demonstrações de generosidade; tem brigas que se ocultam atrás duma paz aparente; e tem comportamentos desleais que transportam toda a imundície humana.
a poesia tem um lastro divino que sonha transformar o mundo; que promove a paz e o desarrolhar das afeições; que intensifica a luta contra a brutalidade envolvente; que enxuga as lágrimas causadas pelo sofrimento humano.
alojei a esperança nos meus afazeres diários e nas minhas inspirações poéticas; nos meus empreendimentos e na minha austeridade vigente; no lodaçal donde me soergui para me poder afirmar; no sossego que fiz derivar da minha razão.
sou um poeta que busca nas suas emoções um bálsamo contra a hipocrisia reinante; que reproduz as contendas e as infâmias que apavoram a maioria dos homens; que transborda confidências que asseveram o infortúnio geral.
transporto na memória as vicissitudes por que passei para as desfazer através de atuações que logram evaporar o riacho mórbido do fatalismo; que logram introduzir-se nas adúlteras paisagens que percorri para me libertarem dos meus medos.
procuro sanar as minhas aflitivas lembranças quando retrocedo à infância para usufruir das fascinantes cantigas que me trautearam ao ouvido; para entender os rudimentos da minha alegria vigente.
as crenças que eu abracei para repelir a insolência dos homens... para me desviar dos itinerários trilhados pelos meus ancestrais... para assumir a importância do pensamento neste mundo conturbado...
a perversa estrutura que me cingiu nos antípodas duma existência tranquila; nos trâmites das viagens ao cerne do mundanismo que promoveram os meus impulsos malvados; que me arremessaram para o fosso dos desenganos prematuros.