Meditação

os fundamentos da alma

há uma tela inacabada que traduz ideias perturbadoras num famigerado trituramento que principia com a nascença e continua até ao desfecho mortal: é a largura do ócio em toda a sua fulgência, é a existência invulgar puxando a terminologia, é a janela escancarada aonde chegam as vaias da turbamulta numa provocação contínua e intransigente.

os fundamentos da alma

os timoneiros restringiram as festas que anestesiavam a nossa marcha periclitante: agora as vielas semelham hospícios e a formosura estertoriza em mansões recurvadas: é a fase superior do homem, transfigurado e pesaroso, que contém uma pena longa demais porque a face quebrada do deus insiste em multiplicar os maus-tratos naqueles que entontecem.

os fundamentos da alma

refugio-me onde os loucos descerram os sortilégios que entram pelo canal da inovação; o seu catálogo flutua no mar profundo quando a natureza é um espelho que demonstra a realidade dos cânticos acerbos ou românticos e as equimoses são medalhas que a fantasia põe em quem realiza tamanhas produções.

 

 

 

 

OS FUNDAMENTOS DA ALMA

no lugarejo típico dos homens a mente é proporcional à evolução: nos primórdios eles apanhavam o pulso às suas leviandades e gritavam por socorro; agora não temem rebentar dentro duma vestimenta: são percalços que refletem o espanto quando se interroga o sentimento de pertença a um ideal.

OS FUNDAMENTOS DA ALMA

há uma flor austera que absorve o suor dos deserdados traduzindo memórias de dias comezinhos; que contêm irosas reflexões sobre gente desengraçada conduzida pela intempérie ao lugar onde eu reverberava apoiado em fantasias que exploraram o desacerto a que sobrevivi desde cáveas espalhadas pela urbe.

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