Agora (I)
Autor: Rui Vaz - leprechaun on Thursday, 12 May 2022Aqui
Agora
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Sª Mª Feira, junho 2018
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Sª Mª Feira, junho 2018
estabeleço-me nos sustentáculos da vida para remodelar os lugares onde persisti burlado pela insana convivência; e para fortalecer os desígnios da minha solidão através das regras austeras que inventei.
os desígnios que me abraçam quando escrevo poesia têm laivos duma generosidade vinculada ao retinir na minha consciência do pélago que abandonei; têm a missão dificultosa de perseguir os famigerados caminhos da literatura; e têm os préstimos da novíssima alma que sustento para dissipar a minha dor.
quero imprimir no coração as baladas sublimes que a poesia amplifica; quero que as minhas perturbações desenrolem palavras fecundas à janela da alma; quero ainda instalar a solicitude sobre o tablado das minhas adversidades.
os meus versos escoam a simplicidade que procuro para assumir os recalques e as frustrações; para açambarcar os sofríveis ganhos na roleta que circula dentro de mim; para conceber alegorias que derrubem a muralha que persiste na minha razão.
escapo aos rótulos usuais quando inflamo a fantasia para transfigurar a palavra amor e suprimir a minha vadiagem sentimental; para abranger os procedimentos fecundos que qualificam a minha intrínseca evolução.
rejeito a cegueira da multidão quando legitima a estrutura que interpela sempre que precisa de laborar; rejeito o seu ingénuo desembaraço quando expressa a fraternidade através de atos pueris.
as minhas conjeturas são brisas esperançosas que outorgo aos meus pensamentos; são pacotes de luar que iluminam a estrutura que habito; são elixires duma mudança que desliza pelas escarpas da minha poesia.
o precipício que enfrentei quando dispus o sofrimento numa tribuna; quando baseei os meus triunfos nas folias que inspiraram os meus ditames; quando emudeci os meus pêsames.
busquei um regaço que progredisse contra os lugares onde endureceram os meus desencantos: onde permaneci leal às genuínas manifestações afetivas, mas onde também lutei contra o desconsolo gerado por uma farsa repugnante.