os cardos da memória
Autor: António Tê Santos on Sunday, 25 December 2022reflito nos vereditos que desaguam em tanta malevolência; que se inspiram na corrupção de muitos livros didáticos; que expulsam a ternura que aflora ao rosto dos homens.
reflito nos vereditos que desaguam em tanta malevolência; que se inspiram na corrupção de muitos livros didáticos; que expulsam a ternura que aflora ao rosto dos homens.
evito a poeira que flutua no ar para refletir no mundo e nas suas crises deprimentes; para rebater as suas misérias e os seus transtornos duradoiros; para divulgar as suas atrocidades.
engendro uma terapia contra a dor através de versos que eu seleciono contra as emboscadas às minhas quimeras: através de pétalas que caem dum edifício violento para revestirem os meus sobressaltos.
do juízo projeto ditames que remontam a escadaria dos meus desejos; que divulgam os meus protestos vigorosos; que transfiguram o meu sofrimento em narrativas resplendentes.
eu cedi às tentações com a obstinação dum poeta desprezado; com a perspicácia dum sábio que decifra as imposturas que o circundam; com a candura dum enfermo atestado de ressentimentos.
busco a verdade nesta existência pungente que confere o bem-estar àqueles que não possuem valores; àqueles que injetam a sua energia daninha nos labirintos dum júbilo fingido; àqueles que emagrecem a palavra erudição.
a virtude nobilita as nossas pujantes deliberações; obriga-nos a tornear os exageros que ocorrem nas nossas caminhadas agrestes; proporciona a detonação dos nossos fecundos ideais.
a angústia impulsionou-me para o teatro das configurações delituosas; depois para o vácuo onde a tristeza predomina; depois para o fulcro da solidão onde encontrei a poesia.
a erudição orienta as nossas deambulações quando nos obriga a entender o mundo e os seus alvoroços celerados; quando transfere para a nossa inteligência os seus corolários dominantes.