quebrei a montra da esperança depois de percorrer as veredas dos antagonismos; depois de rasurar a crença no mundo ao apreender os seus libelos torpes e os seus gemidos dolorosos.
oiço ressoar as minhas utopias quando invento enredos que me afastam de tantas hostilidades; e oiço os sermões dos homens quando recuperam o seu génio para atribuírem ao mundo uma pacífica ordenação.
soergui-me dos destroços da minha vida encetando uma romagem ao núcleo da consciência e unindo a ela os meus devaneios joviais para que daí fluísse uma miscelânea adubada pela poesia.
exalto as benfeitorias que guardo no coração e que dilatam o meu temperamento; que melhoram o ar que respiro nas catacumbas dum ócio imaculado; que deslumbram pela novíssima alma que produzem.
oiço os costumes saltaricarem através de vocábulos que se apegam às permutas mercantis; oiço a gritaria que produzem nos antípodas duma vida descansada; oiço as suas injúrias quando baseiam em reclamos estridentes as cruéis leviandades.
hoje falo dos meus ideais traídos por causa das cruéis agressões; por causa da maledicência que prosseguiu o seu fôlego ao abafar os meus intentos; por causa da penumbra onde residi mas donde ataquei os abusos com obstinação.
o meu método de banir a tristeza é combatendo as suas divisas paralisantes retroagindo ao lugar onde jazem as minhas genuínas intuições; onde expulso o desregramento que lavra no terreno da solidão; onde reprimo os perniciosos anseios que incluem as divergências e o temor.
há uma alma que se deseja harmonizar com impulsos que erguem um formato impermeável às agressões; com intuitos que modificam a guerra degenerada extraída do rancor; com traumatismos que demonstram a acritude da vida e os seus fundamentos ultrapassados.
calcorreio os tisnados plainos da esperança para obnubilar a tristeza e diminuir os meus anseios; amplio os meus frágeis discursos para mitigar a truculência dos outros; ingiro a seiva benigna da vida para reaver a minha ternura perdida.
os pensamentos que extraímos das frustrações ordenam-nos que defendamos os compromissos que fervilham na nossa intimidade; e que escutemos a ventania predominante para diluirmos nela as arremetidas contra a nossa harmonia.