Meditação

um visceral discernimento

quando a penumbra se dissipa há um mítico sucesso que encarcera a nossa amargura, retorcendo-a e desbastando-a; há uma paisagem entoada pelos cânticos que se debruçam das varandas da nossa memória; e há uma catarse que se aprimora nas incisivas viagens em torno de nós.

AQUÁRIO

 

 

as marcas herdadas

pelas rugas do tempo  

acompanham a noite

como um peixe tatuado

que flutua insólito

no aquário da sala

pelas suas margens e algas

-em instável desvario-

inscrito no espelho do medo

e ecoando através da madrugada

feito um insone tormento

tortura e açoite gratuitos

ditos à meia voz

por delinquentes “espíritos”

pesadelo náutico

ou chuva desértica

maremoto incontido

interrompido no parto da alva

sentença de remissão

Sabem

Sabem porventura
Dizer que altura,
Desta melancólica rua ,
Reside a esquecida ternura?

Sabem contar da vida
Histórias queridas,
Ler poemas sem feridas,
Onde toda brincadeira é divertida?

Sabem realmente explicar,
Diminuir dores ou aprovar,
O amor ou em nome dele perdoar,
Falar com Deus e continuamente amar?

Sabem acabar com a maldade,
Ofertar sem medidas a felicidade,
Extinguir as guerras e a crueldade,
Generais e suas ferocidades?

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