Meditação
O TUGÚRIO ESCALAVRADO
Autor: António Tê Santos on Thursday, 26 December 2019irrompi nas vielas desordeiras conduzindo uma carripana desusada.
entreabri-me ao pensamento furibundo aliviando as dores gerais.
a sensação de ter vivido preso a um tronco que o chão farto irrigou de esperança.
o artifício de matar os embriões da nostalgia abrangendo mastros e navegantes.
o arrimo de palestras beatíficas excita um regenerado sopro que traumatiza.
O VOO CREPUSCULAR
Autor: António Tê Santos on Thursday, 26 December 2019a extrema fealdade estoirou o paredão da minha inconsciência.
as guerras melífluas hospedam salamaleques insuportáveis.
o tabuado da solidão tem muitas equimoses cravadas.
há uma moda intraduzível divulgada pelos produtores de mágoas.
as palavras dilatam-se num lugarejo de tonalidades abrangentes.
O NÚCLEO DA SOLIDÃO
Autor: António Tê Santos on Thursday, 26 December 2019há relatos de cultura nos lares dos que se afincam em distanciar as paixões.
coloquei sementes no copo das transgressões abafando os óbulos divinos.
o raciocínio foi categorizado com palavras que eu vomitei persistentemente.
sou duma nação ornamentada com paisagens deslumbrantes e feiuras tradicionais.
os paraísos que se manifestam na semeação de homens conscientes.
A LARGURA DO ÓCIO
Autor: António Tê Santos on Thursday, 26 December 2019há sobrevivos de carnificinas que banalizam a malignidade.
a ideia de vergastar a leviandade para recolher desgostos poéticos.
a força das palavras malditas que reiteram os assombros da solidão.
temo a contradança dos sentidos empoleirados num divã obsoleto.
a fortuna habita nas gavetas dos que segredam as palavras que exprimem.
A TOADA MARGINAL
Autor: António Tê Santos on Thursday, 26 December 2019a víbora é entronizada no matagal da solidão.
as palavras de hoje sobem todos os degraus avaliando as lecionações.
a tarefa de retirar a esperança do cofre da misantropia.
as palavras que o machado corta no cerne de conflitos impostergáveis.
o pudor regateia nos antípodas duma vida tumultuosa.
TELHADOS ALGÉBRICOS
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 25 December 2019os sacrifícios estimulantes que introduzem na linguagem convicções permanentes.
as páginas descabeladas e arredias são tingidas pelos rumores que engelham a solidão.
sobre fragas derribadas os homens devem alterar o seu pensamento.
os meus aguilhões cravam-se naqueles que se extraviam na parada dos costumes.
a saudade une-se à pobreza para trinar cantigas exaradas pela dor.
REGATOS SINUOSOS
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 25 December 2019entumecem os rótulos produzidos pela desgraça humana.
há sucessos imergidos pelos engodos da alma popular.
disfarça-se a náusea com guardanapos no restaurante da idolatria.
nenhum orador discursa sobre os itinerários flutuantes da morte.
filtro clarividências para quem se encontra num charco pestilencial.
O TIMBRE PARDACENTO
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 25 December 2019o chão gorduroso da monotonia aonde recolho coisas banais.
desloco-me sobre um elefante solidário quando um afeto imenso perfura o dom da razão.
o hino à uniformização num hemisfério caldeado por ações estrídulas e inconsequentes.
há poemas só percebidos por quem saiba resolver equações caprichosas.
o poema estende-se pela sombra duma guerra onde pululam garças desvalidas e lobos agiotas.
O CLARÃO ÉTICO
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 24 December 2019eternizam-se as desilusões daqueles que enfezam em calabouços invisíveis.
os debutantes oferecem flores à gente envelhecida digerindo assim as palestras da modernidade.
a imaginação suporta a ansiedade desatada pelo ócio.
a inconsciência manifesta maneiras artísticas de protestar.
piso o chão concreto onde se coordena a malvadez.